OSSOS DO OFÍCIO
(Por Germano Correia da Silva)

Um candidato que não conseguiu se eleger nessa última eleição para o cargo pretendido, assim que terminou a apuração dos votos da última urna, convidou outros candidatos nas mesmas condições para participarem de um churrasco em família. Ele tinha a intenção de produzir algo diferente das festas tradicionais que só comemoram a vitória...

Eis a integra do convite enviado pelo anfitrião aos seus convidados:

“Gostaria de convidar os nobres colegas e respectivas famílias para a celebração de uma festa que darei nas dependências de minha residência no próximo fim de semana com o objetivo de comemorar minha derrota nas urnas.

Por favor, não faltem. Haverá carnes e bebidas à vontade. Se possível, tragam lenços ou toalhas para enxugar as eventuais lágrimas que serão derramadas após o discurso que pretendo proferir e, desde já, eu prometo que direi poucas palavras...

Afinal, tudo isso poderia ter ocorrido de uma forma menos traumática, mas reconheço que a culpa é totalmente dessa tal democracia que recomenda que o povo participe ativamente do pleito, dê o seu recado nas urnas, escolha bem o seu candidato e, no frigir dos ovos, esse mesmo povo acaba fazendo o que lhe dá na telha.

Outrossim, posso adiantar-lhes que não obstante o resultado negativo obtido após a abertura das urnas, não guardarei nenhuma mágoa nem rancor...

Particularmente falando, até que eu deveria aguardá-los, mas como ainda falo em nome do meu partido, acredito que os eleitores que não votaram em mim certamente agiram com o coração, acaso eles tivessem agido com a razão possivelmente teriam anulado o seu voto.

Venham todos de peito aberto e cheios de amor para dar. Evitem trazer algo ou alguém que relembre toda a correria e estresse vividos durante nossa última campanha eleitoral. Até lá.”

Chegado o dia do referido evento não apareceu nenhum dos convidados e o anfitrião acabou comemorando sua derrota com os membros de sua família.

No final dessa festa familiar, meio desolado e já de olho na próxima campanha político-partidária ele desabafou:

- Sou obrigado a concordar em genero e número com o saudoso político brasileiro Magalhães Pinto, quando ele afirmou que “Política é como nuvem. Você olha, ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou.” Acho que preciso mudar os meus conceitos, se eu quiser prosseguir nessa longa caminhada... – concluiu.