Nosso reencontro, após muito tempo distantes um do outro, foi gostoso demais. Porém, Aline logo percebeu. Nosso romance estava fadado a ter uma trilha sonora peculiar. Pudera, ela mesma vivia cantarolando, como se fosse a Nalva Aguiar:
-"Eu nunca pensei em outra vez voltar, de novo pra você e tudo começar. Mas estou cansada de pedir, ó vem pra mim! Até me acostumei com a triste solidão, que vem tomando conta do meu coração. Já faz muito tempo que eu te vi, ó vem pra mim! Se gosta ainda de mim, não me trate assim. O melhor de tudo é voltar. O que passou, passou, e não me transformou. Eu continuo ainda a te amar...``.
Infelizmente, ocorreu um impasse entre nós. Pensei acertar, imitando o que dizia o sucesso de João Mineiro e Marciano:
- "Você me pede nesta noite que estamos juntos. Que eu fique e faça você feliz. Peço desculpas, mesmo chorando eu abro a porta. O seu destino infelizmente eu não fiz. (...) O seu destino foi construído por suas mãos. Faz dois anos que não é minha, que se casou. A quero tanto, mas eu enfrento a realidade. Fique esta noite como lembrança do que acabou...".
Desiludida, ela despediu-se de mim:- "Vou sair da sua vida". Alguém me disse:- "A paixão é inadministrável" . Que insensato fui! Tentei reverter tudo, aliviar o meu penar. Outra vez fazendo coro com a mesma dupla:
- "Você me pede na carta que eu desapareça. Que eu nunca mais te procure, pra sempre te esqueça. Posso fazer sua vontade, atender seu pedido. Mas esquecer é bobagem, é tempo perdido. Ainda ontem chorei de saudade. Relendo a carta, sentindo o perfume. Mas que fazer com essa dor que me invade. Mato esse amor ou me mata o ciúme...".
Certa manhã, exultei. Aline ligou! Como cantava a dupla João Mineiro e Marciano:
- "Hoje de manhã meu telefone, resolveu me dar sinal de vida. Me despertou, tocou, tocou, eu atendi. Ouvi uma voz que sempre foi tão pretendida. (...) Você me chamou de meu amigo. Mesmo assim gostei, valeu demais. Se não existe mais amor, que seja assim. Sua amizade, pode crer é bom demais. Seja como for não me esqueça. Mesmo ao telefone me agrada. Basta uma palavra de cada vez. Por favor repita esse chamada...".
Mas, foi só. Nunca mais ela me procurou. A canção de César e Paulinho servia para ativar meu desconsolo:
- " ...Já nem sei mais o que faço. Já tentei de tudo pra tirar de mim. Este amor que me deixa louco, me machuca assim. Tó sofrendo aqui sozinho, vendo da vidraça a solidão da rua. Morto de saudade sua...".
A saudade doía demais, ouvindo Chitãozinho e Xororó:
- "...Eu te quero mais que tudo. Eu preciso do teu beijo. Eu entrego a minha vida para você fazer o que quiser de mim. Só quero ouvir você dizer que sim. Diz que é verdade. Que tem saudade. Que ainda você pensa muito em mim. (...) Que ainda você quer viver pra mim...".
Agora, só a canção de Roberto Carlos tange meu coração, quando me recordo de Aline. Gostaria que ela soubesse:
- "Nunca mais você ouviu falar de mim. Mas eu continuei a ter você, em toda esta saudade que ficou. Tanto tempo já passou e eu não te esqueci. Quantas vezes eu pensei voltar. E dizer que o meu amor nada mudou. Mas o meu silêncio foi maior. E na distància morro todo dia sem você saber...".
Se algum dia ela retomar aqui, com certeza vai ouvir o meu desabafo: Pó, Aline. Sabe de uma coisa? Esta paixão é uma parada, sertaneja...