Poema de abertura do livro UM FLORAL DE SOMBRAS
ABERTURA
Abro os os meus registros,
Folheadas páginas,
Livro que a cortina
Da existência embaça
Carrosséis soberbos
De aventuras mágicas.
Ou um baú de cinzas
Longe, sepultado,
Em remotos gestos,
Lúdicas madrugadas;
Brumas da memória,
Velhos personagens,
Horas vagabundas,
Peitos solitários.
Renascida fênix,
Ave centenária,
Fonte dos desejos,
Frutos da seara
Da lavoura ardente
Que se fez roçado.
Moças nas vitrines,
Sina de mascates,
Corpos no varejo,
Sonhos no atacado;
Noites que se ofertam
Sob a mão madrasta
De um Cupido aceso
No debrum das saias.
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