Queria que existisse
Uma saída.
Não trafegou por gosto
Aqueles meios.
As circunstàncias
Em turnos e returnos
Ceifaram sonhos,
Sepultaram anseios.
Deixara história
Nos rincões da roça;
Alguns capítulos
De um lavor sem brilho.
Veio ocupar espaço
Nas calçadas:
Viçosa flor ao mundo
Oferecida.
A vida inteira
Conduzindo o fardo
Pelos caminhos
Tortos do embaraço.
Nessa oficina que
Transforma o corpo
Na melhor ferramenta
De trabalho.
Margarida queria
Alguma luz,
Feito o filósofo
Da germana raça.
As cortinas abertas
Para a vida
Afugentando a noite
Das desgraças.
Debaixo desse
Teto sepultara
Tantos planos bonitos,
Positivos;
Bastavam alguns
Impulsos de bons ventos
Para cruzar os mares
O seu navio.
Nenhuma luz a acenar
No fim do túnel;
Só a solitude
Por porção maior.
Os abraços, os afetos,
As promessas,
Nas estradas da vida
Feito o pó.
Nem filhos nem marido
E nem parentes;
Os amigos ausentes
Ou ocupados.
E a fantasia azul
Do amor, distante,
A se perder no além
De algum descaso.
O sol a esconder-se
No horizonte
Num prenúncio
De guerra já perdida.
E a toalha atirada
No tatame,
Por sinal de um
Desfecho previsível.
Enfim a noite
Com mil sortilégios
Toma o trem
Que estava de partida.
Vai plantar sonhos
Na estação das nuvens,
Por ter melhor colheita
Prometida.