Usina de Letras
Usina de Letras
376 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 62846 )
Cartas ( 21345)
Contos (13290)
Cordel (10349)
Crônicas (22569)
Discursos (3245)
Ensaios - (10544)
Erótico (13586)
Frases (51241)
Humor (20120)
Infantil (5546)
Infanto Juvenil (4876)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1380)
Poesias (141110)
Redação (3343)
Roteiro de Filme ou Novela (1065)
Teses / Monologos (2440)
Textos Jurídicos (1965)
Textos Religiosos/Sermões (6308)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->A NAVALHA NA ALMA -- 17/11/2010 - 21:19 (Eloi Firmino de Melo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A NAVALHA NA ALMA

Escondia no peito
Por navalha
Afiada, cortante e
Permanente,
Essa herança do amante
Que encantou-se
Por excessos de zelo
De uns agentes.

Tinha passagens
Muito conhecidas
Nos relatórios
De alguns comissários:
Razão de informações
Contraditórias
E até de transações
Mal explicadas.

Talvez por trafegar
Uns papelotes
Ou cigarros
De oculta artesania;
Encomendas
De gente reservada,
De fina procedência
E bom prestígio.

Sem definida
Profissão levava
A vida confortável
E sem labutas;
Mulheres submissas
Ao pretexto
De proteção contra
Os fregueses rudes.

De todas com certeza
A preferida,
Por se deixar bater,
Cuspir na cara.
Violentava o corpo,
Os sentimentos,
Pelos arroubos
De escondidas taras.

É regra natural
Nesses recintos
O descaso e a mudez
Em cada boca.
O mercado do corpo
Oculta os casos
Da rigorosa mão
Que impõe a força.

Velava as queixas
De possíveis lágrimas,
O rosto limpo
De qualquer suspeita.
A força libertária
Sempre oclusa
Na cadeia secreta
Dos seus medos.

Mas quando o sol
Enfim se pós pra ele,
Não festejou nem chorou,
Mas sentiu falta.
Os dias de vivência
Conturbada
Abriam o peito
E lhe deixavam marcas.

Daí vinha sentar
No Quem-me-quer,
Chegada a noite
No frescor da brisa;
Um perfume barato
Sobre o corpo
E uma fogueira
Embaixo do vestido.

Os amores carentes
Ou pervertidos
Num lugar junto dela
Tinham assento,
Para ceifar a
Féria da colheita
Desse roçado
De uma só semente.

De surpresa sumia
Por uns tempos
Em busca de outros campos,
De outras praças;
Mas retornava para
O velho assento
Quando a lavoura se
Fazia escassa.

Outro amor torto
Garimpou seu ouro
Além de pór
Registros sobre a face,
Plantava manchas
Roxas sobre a pele
Pela estranha razão
Dos seus afagos.

Esconder a fraqueza
Era preciso
Num cofre de silêncio
Conformado.
Aquele amor bandido
Era tão forte:
Nó de marujo
Que não se desata.

Este partiu, porém,
Sem despedir-se;
Assumiu por dever
Um compromisso:
A outra estava grávida
E tinha um dote,
Promessa de fartura
Além do filho.

Foi-se o amor
De vias tortuosas,
Essa razão maior
Do seu viver;
Alma gêmea
Ou pássaro dos sonhos
Com aquele modo
Singular de ser.

Por isso se fez nau
Em mar estranho
E ancorou nos jornais
Por ser notícia.
Um modo pessoal
De desembarque
No cais sombrio do
Capibaribe.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui