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cronicas-->A COLHEITA INDEVDA -- 17/11/2010 - 21:23 (Eloi Firmino de Melo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

A COLHEITA INDEVIDA

Cresciam três boninas
Pequeninas
No jardim impudente
Do padrasto;
Que a companheira labora
Os seus encantos
Pelas maurícias frias
Madrugadas.

Era esse estresse
Que gerava os frutos,
Porque ninguém
Da casa come brisa.
E ao lançar sobre a cama
O corpo lasso
Esquece um pouco
As penas desse ofício.

Essa operária,
O coração aberto,
Sempre agradece do amante
O grande arrimo;
Tanto cuidado
Com as pequenas rosas,
Sem reclamar as chagas
Dos espinhos.

Um dia ele colheu
A flor primeira,
Mantendo em todas
O olho da cobiça;
Na expectativa
De melhor desfrute
Quando as sementes
Se tornassem espigas.

Sob um pulso severo
Se mantinham
As trevas abissais
Dos seus abusos.
Vestida a máscara
Quando lhe convinha
Encarar investidas
De sussurros.

A segunda colheita
Veio ao tempo
Da lavoura madura
Para o corte.
E aguardou ansioso
Que a terceira
Chegasse a idade
De ceder-lhe a cova.

Mas a chaleira dágua
Bem fervente
Assume as formas
Próprias do improviso;
Foi no desmaio de um
Pesado sono,
Que essa vertente
Se transforma em rio.

As mãos da operação
De tal desfecho
Sofreram os naturais
Procedimentos.
A justiça entendeu
Por necessários,
Ouvindo os atenuantes
Convenientes.

Desabafa essa história
Com amargura
Quando a voz da bebida
Solta a língua;
Mas no escopo das frases
A desforra
Norteia a narração
Do início ao fim.
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