Cresciam três boninas
Pequeninas
No jardim impudente
Do padrasto;
Que a companheira labora
Os seus encantos
Pelas maurícias frias
Madrugadas.
Era esse estresse
Que gerava os frutos,
Porque ninguém
Da casa come brisa.
E ao lançar sobre a cama
O corpo lasso
Esquece um pouco
As penas desse ofício.
Essa operária,
O coração aberto,
Sempre agradece do amante
O grande arrimo;
Tanto cuidado
Com as pequenas rosas,
Sem reclamar as chagas
Dos espinhos.
Um dia ele colheu
A flor primeira,
Mantendo em todas
O olho da cobiça;
Na expectativa
De melhor desfrute
Quando as sementes
Se tornassem espigas.
Sob um pulso severo
Se mantinham
As trevas abissais
Dos seus abusos.
Vestida a máscara
Quando lhe convinha
Encarar investidas
De sussurros.
A segunda colheita
Veio ao tempo
Da lavoura madura
Para o corte.
E aguardou ansioso
Que a terceira
Chegasse a idade
De ceder-lhe a cova.
Mas a chaleira dágua
Bem fervente
Assume as formas
Próprias do improviso;
Foi no desmaio de um
Pesado sono,
Que essa vertente
Se transforma em rio.
As mãos da operação
De tal desfecho
Sofreram os naturais
Procedimentos.
A justiça entendeu
Por necessários,
Ouvindo os atenuantes
Convenientes.
Desabafa essa história
Com amargura
Quando a voz da bebida
Solta a língua;
Mas no escopo das frases
A desforra
Norteia a narração
Do início ao fim.