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cronicas-->QUEM PAGA ESSA CONTA? -- 05/12/2010 - 15:44 (GERMANO CORREIA DA SILVA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


QUEM PAGA ESSA CONTA?
(Por Germano Correia da Silva)


Os moradores da comunidade Cafundós do Judas estão em polvorosas. Alguns torcedores fanáticos, descontentes com o mau desempenho do seu time de futebol ao longo do torneio regional, decidiram torcer a cada nova partida, para times adversários, como forma de protesto.

Jô Formigão está indignado com a mudança repentina de comportamento dessas pessoas de sua comunidade e sem medo da reação popular ele soltou o verbo:

- Eu sou do tempo em que o torcedor que tinha vergonha na cara nunca mudava de casaca, pouco importava o preço que iria pagar. Quando decidia rezar para seu time ganhar, rezava para o mesmo santo; na hora de torcer para seu time de coração o fazia de forma despretensiosa, sem querer nada em troca, mas pelo que vejo as coisas mudaram muito e decididamente não dá mais para continuar desse jeito – esbravejou.

Há quem diga que ele está disposto a mudar de comunidade tão logo termine o torneio regional e se isso vier a ocorrer será um choque muito grande para as pessoas que o admiram. Afinal de contas, ele sempre foi um símbolo do bom exemplo a ser seguido pelos jovens e adultos de sua comunidade.

O crioulo Murundu, ex-morador da Vila Macambiras, próximo a Cafundó do Judas, tem uma opinião totalmente contrária à do Jô Formigão.

Dia desses, enquanto tomava sua bebida habitual no bar O Derradeiro Gole, disse em alto e bom som, que se for preciso vestirá a camisa de qualquer time de outra comunidade, contato que essa sua atitude esportiva possa lhe dar muita alegria e, consequentemente, tristeza para o torcedor do time adversário, e vai mais além:

- Analisando friamente a reação do meu amigo Jô Formigão, que de uma hora para outra resolveu colocar a fidelidade esportiva como ponto de honra nas atitudes de um torcedor, é possivel que estejamos diante de um torcedor extraterreno - caçoou.

Disse, ainda, que o torcedor que se preza sempre quer ver seu time ganhando, custe o que custar. Ele não está nem um pouco preocupado com a emoção e/ou comoção que possa vivenciar o torcedor do time contrário.

Se por um lado o que pensa cada um dos personagens acima citados são opiniões pessoais que devem ser respeitadas, a emoção proporcionada a um esportista em razão do resultado positivo obtido pelo time que ele torce, tem muito a ver com o que ele esperaria de si mesmo se estivesse no lugar de um daqueles jogadores vitoriosos.

Assim, se esse resultado positivo poderá ser obtido por meio de métodos fraudulentos, sem o mínimo de esforço despendido por parte do time que necessita ganhar o jogo, essa emoção que o torcedor irá sentir após a obtenção do resultado “esperado” tenderá a se transformar num sentimento irreal ou talvez não.

Em ambas as situações, querendo ou não, o pobre do torcedor que frequenta os estádios, dando uma força para o seu time do coração, é quem paga a conta...


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