Enquanto Eliana fazia pacientemente a exposição dos itens de nossa reunião sobre as novas metas da Gestão Escolar, essa que, segundo o governo, deve nos levar ao podium dos cinco primeiros, em 2014, minha cabeça ferfilhava de indagações... Queria tanto ter o prazer de ver isto acontecer... Só que o elemento principal de todo este aparato pedagógico - o professor - não está nas "metas prioritárias do governo"... Ao contrário, toda essa correria em busca dessa utopia pode, sim, levar-nos ao caos de uma insatisfação, nunca antes experimentada.
Sou da época em quem o professor tinha uma outra imagem, quase de um deus. No meu tempo de menina, ai de quem não se levantasse quando a professora, ou qualquer adulto entrava na classe... Era algo tão natural este gesto, que nos levantávamos como autómatos... Eu até gostava que chegasse alguém, pois sentia a bunda dolorida por estar tanto tempo sentada...
Hoje, enquanto esperava numa das salas da Caixa , para receber uns trocados pendentes de meu FGTS, envolvi-me na conversa de duas mulheres que, pelo enredo do assunto, eram professoras. E fiquei estarrecida com o que ouvi. Imaginem... Numa classe de pirralhos, a professora chamou a atenção de um deles, porque havia tirado nota baixa, dizendo que ele precisava estudar mais, se quisesse "ser alguém na vida".
O aluno chegou a casa e fez queixa aos pais. Que a professora megera o tinha desrespeitado diante da classe inteira. Os pais, sem mesmo falar, antes, com a vítima de tamanha atrocidade, foram imediatamente ao Conselho Tutelar dar queixa da meliante, horrorosa e horripilante bruxa, que tinha descriminado e humilhado o seu filhinho, diante dos outros alunos "chamando-o de burro".
Abriu-se um processo administrativo e a professora foi severamente advertida, com a ameaça de perder o cargo se o fato se repetisse. Tinha de respeitar os alunos, nunca se pronunciar de maneira que prejudicasse os coitadinhos, que levariam aquele trauma para o resto da vida, bloqueando-lhes, inclusive, o apetite sexual e criando assim uma impotência malévola tão galopante que os deprimiria para o resto de suas vidas...
E a escola está, cada vez mais, cheia de tecnologia e de recursos tão práticos; algo do tipo que talvez faça o aluno aprender sozinho, apenas com um "toque", quem sabe... Então o professor, coitado, que de vê, por todos os motivos "politicamente corretos" entrar mudo e sair calado, será, então mera figura decorativa em sala de aula. Isto, se o aluno permitir, claro!