Nutria por ela uma paixão enorme. Mas o amor era recolhido, vivia apenas no universo íntimo dele mesmo, jamais externara o menor sentimento por ela. Sonhava com ela, declarando-se, fazendo juras de amor eterno. Quando acordava, muitas vezes, ficava confuso, pensando seriamente que não fora sonho, que realmente estivera com ela e transmitira todo o seu sentimento. Mas, era só ela passar indiferente para ele se convencer de que fora, na realidade, apenas um sonho.
Encenava diante do espelho mil discursos de amor para ela, declarações romànticas, poesias, frases escolhidas a capricho. No entanto, faltava-lhe a coragem de tirar o amor daquela prisão interior e, obviamente, ela não poderia adivinhar oi que ardia dentro dele.
Um dia - há sempre um dia diferente em todas as histórias, o carro dela teve um problema de pneu. Ele passava coincidentemente pelo local. Estacionou o carro e foi ajuda-la. Na verdade, foi ele que fez a troca do pneu e a recomendaç]ão de quela fosse ao borracheiro imediatamente. Então, ela olhou para ele e oferceu-lhe um beijo no rosto e um sorriso inolvidável de agradecimento:
Você é um anjo. E entrou no carro, acenando para ele.
Não lavou o rosto no resto do dia. Sentia o calor dos lábios dela em plena face. Acariciava o local, como se estivesse tocando nos lábios dela.
No dia seguinte, criou coragem e dirigiu-se ao local em que ela trabalhava e por onde passara tantas vezes sem a menor gana de gfalar sobre o seu amor.
Ao chegar, sem qualquer outra explicação, falou quase ao ouvido dela:
sabe, eu sou louco por você, nunca tive coragem de lhe dizer isto, mas desde que lhe vi pela primeira vez que curto uma paixão recolhida. Posso ter alguma esperança?
Ela sorriu(aquele corriso encantador) e, segurando as mãos dele, murmurou:
- Bobinho, eu também, eu também, vivia esperando pela sua iniciativa. Quando tempo nós perdemos! Mas, nunca é tarde.