Ela passa esperta, olhos vivíssimos. Ela desperta os hormónios da moçada, quando passa. Mente aberta, considera-se livre para amar.
--Tem tantos homens gentis, bonitos e alegres que dá pena ficar com um só...
Veja a lábia da garota. Linda, decerto o é; usa uns decotes que nem nas minhas fantasias eu imaginaria e sai assim solta, rebrilhante, revoadas de sonhos atrás dela. Seu perfume a precede. Toda reação cede ao seu aroma, toda a tentação que a rodeia deixa eriçados os pelos da nuca, veja que maravilha de mulher.
--Nossa, queria poder ser uma corda, pra amarrar a sandália de tal deusa.
--Queria ser o Redentor para poder lhe dar todo dia o bom dia que merece...
--Queria ser um beija-flor, para procurar nestes lindos lábios o doce mel do amor que há anos eu vasculho...
--Queria ser um menino, para ter orgulho de tal mãe que passa solta...
...E assim vai a linda, vaporosa, em vestidos idem, leve e confusa, não sem sorrir um tanto tal é o encanto que traz à s vidas de quem tem a sorte de conviver em seu espaço amoroso.
--Vá ser sortudo assim...
Quem, eu? Não, quem imaginaria? Meu tempo passou, o tempo dela perdura, o meu dura pouco, o dela vale ouro. Mas eu posso, em minha condição, fazer versos à moça que tem os finos traços, os braços torneados, as coxas mais lindas e as partes mais puras.
Vai daqui uma asa de anjo, dali um pejo contido, um rubor de sonho escuso, lá vai ela, nossa musa, em seu andar nas calçadas da fama de sonhos que todos almejam, lá vai.