Talvez esta crónica mereça uma pequena introdução sobre o que é o livro de Machado de Assis, com o mesmo título, e o que é o filme de André Klotzel adaptado do mesmo livro. No livro, Machado de Assis, desdenha com todos os padrões brasileiros da época, falando do adultério, dos pequenos prazeres do ser humano e sobre as pequenas deformações que este sofre. No filme, André Klotzel, seguiu a risca os escritos de Assis, transformando as páginas do livro na película do filme. O filme possui um ritmo lento e descompromissado, o mesmo imposto magistralmente no livro, possui uma bela fotografia e ótimos momentos de humor, trazendo seu espectador para a vida do personagem. A direção é segura e os atores possuem pleno domínio em cena, fazendo-nos esquecer por minutos sua tão longa duração. O filme também mostra-se firme em suas posições políticas, pois, assim o havia feito Machado de Assis. Enfim, o filme é bom, mas é coxo... Não evolui, como no livro, onde você anseia por saber seu final, pois, no filme, a ansiedade é que o espetáculo acabe, para que você possa se ver livre da poltrona do cinema. Entretanto, o filme empolga, mas é coxo.... E se diminuirmos nossa expectativa em relação ao filme, decobriremos uma diversão prazeirosa, ainda que coxa.... E diferente do livro, que caminha livremente pelas ruas e avenidas, e nem mesmo tropeça nos vãos e entre-vãos das calçadas, das guias, e dos rodapés. Pois, o livro, segue seu ritmo com fluidez, apressando sua leitura a cada minuto que se passa, enquanto o filme mostra-se como uma interessante reprodução do texto de Machado de Assis. ....Mas é coxo.... Como é que um texto tão maravilhoso como esse, poderia transformar-se num filme sem graça. O certo seria um filme extraordinário, ainda que coxo, mas extraordinário.... Pois, ao transformar o livro em película, e transpor, quase todos os seus diálogos para a tela, André Klotzel, perdeu a sagacidade e o sarcásmo tão definidamente descritos por Machado de Assis. Não que o filme seja ruim, e muito longe disso, mas é coxo....