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cronicas-->A Paz -- 03/10/2012 - 15:26 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Querida, eu posso lhe dizer uma coisa? Talvez você não goste, eu dizia, ela toda ouvidos, de costas para mim, os cachos dos cabelos formando sinuosa curva que lhe caía graciosamente pelos ombros e perto das espáduas. Lá do outro lado, silêncio. Só o ruído da água molhando os talheres, a mão dela (fina, dedos compridos, macia) pegando os pratos de maneira delicada e voraz, mansa e firme. Eu lhe digo, querida, eu às vezes falo sem pensar, digo sempre isto. Claro que não queria dizer que você está mais bonita hoje do que ontem, isto não quer dizer absolutamente que ontem quando fomos à festa você não estava tão bonita. Claro que estava! Lá, no Olimpo, os cabelos se remexem quando ela solta um suspiro leve, suave e longo, na dura tarefa de lavar a louça que se acumulou do café da manhã...

Também lhe digo mais: Jamais me passaria pela cabeça que você estaria feia na festa. Não notou os olhos malvados das invejosas de plantão? Todos a olhavam, mordidas de raiva de tão longa saia, de tão lindos cabelos, de tão belos ombros e tão fina cintura...Silêncio, constrangedor silêncio. você não sabe o que lhe vai dentro do crânio, não é você; é ela, ela que pensa, ela que suspira, ela que balança os ombros num gesto de "Tanto faz!" e continua a doce tarefa de lavar até à alvura, até gastar a louça dos pratos de sábado; lampejos dela chegam a você. 

Querida, digo mais. Se estou com você, estou para sempre perto de você; não há ninguém que possa se igualar! Minha única forma de agradecer  a Deus é louvando sua presença em minha miserável vida louca, essa que Ele mecedeu temporáriamente...

Aí, acontece o milagre. Volta-se ela lentamente, o cacho remexido na testa, encantadoras mãos a espanar um olhar de sono, o alvo pescoço se esticando. um sorriso que só de se abrir, ilumina teto, chão e paredes. Um piano que toca em seus dentes!

--Paz então?

Paz. Por quanto tempo? Não sei. Transitória? Talvez.Tudo se compensa no abraço que me mistura a ela, então os pratos que se danem em suas porcelanas brancas de tanto lavar, os talheres que moram afogados, a torneira que se gaste de tantas caixas d`água.

--Paz., então.

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