...Vamos debater como nunca. Saberemos de tudo um pouco, de maneira que você e eu teremos todo o tempo de sobra para deixar de cabelos em pé os críticos de arte, os comentaristas de plantão e todos os sovinas de todas as esquinas, negaceando sempre a esmola nossa de cada dia. Vamos fazer digressões sobre os destinos mundanos, trapaceando nas palavras escritas e fúteis , na linguagem corporal de nosso tempo mesquinho e faceiro. Vamos ficar face a face, você e eu, sentindo a proximidade tórrida de nossas auras, quase tocando nossos póros exatos e abertos, os olhos e íris retesados um no outro (cada um dos dois de cada lado, é claro).
Não tenhamos medo, errar sem rumo é humano, ficar na nau sem prumo mais ainda, cerrar o punho numa mais áspera até demais, calma lá que ainda não acabei. Tome seu oriente, rapaz. Fica mais ao leste, não no pingente, nem vem. E eu, mas que idéia é esta, mulher? Tenho a idéia toda que eu quiser. Ninguém disse que não, ora pois. E é.
Vamos arquitetar um plano de fuga. Para isso, teremos de desenhar duas linhas, retas. Elas se encontram aonde? Então. Que seja, enquanto dure, sem ser blasée. Mitigando as sedes, estaremos ambos de copos exaustos, a metade cheia e a outra, ah a outra, sempre ela, vazia. Pois é, e eu e você num acalorado refrão, ela me disse sim, e eu, talvez não. Sempre em cima do muro. E calma, ainda não, acabei.
E agora? Os copos vazios, a taça enxuta, os olhos mormaços, vamos estreitar os laços.
Vem cá. |