Faz muito que vejo várias bandas surgindo na onda pós Planet Hemp, propagando a idéia do "legalize já" e outros refrões relacionados, senão ao incitamento, ao menos ao consumo da maconha. Parece ser uma das características, não de hoje, mas dos tempos, de relacionar a adolescência com a transgressão e, assim sendo, com as substàncias ilícitas. Claro isso sempre rende, no mínimo, uma boa polêmica, e, por consequência, marketing maior e também vendas maiores dos cds e, segundo a Zero Zen, ninguém até hoje perdeu dinheiro por subestimar a inteligência do povo brasileiro.
Além do conflito de gerações, inerente à s bandas, à s letras, mas, pertinente à relação pai mandão e filho bunda mole, que sempre vai existir, há nesse caso uma polêmica maior. Padres, juízes e demais burocratas intervêm legalmente. Só prá exemplificar, a galera do Planet Hemp já puxou uma cana em Brasília, e esteve bem perto disso em mais um par de vezes.
Eles, os pró erva, dizem que a saída é legalizar. Claro que o próprio Marcelo D2, vocalista do Planet Hemp, sempre diz que sua treta é com o tráfico, que "se o cara fuma maconha porque eu fumo é um otário". Mas, mundão sem porteira, tava eu lendo uma entrevista com um conjunto de bardos (jornalisticamente chamados de banda), notadamente reconhecidos nos pampas sulistas. "Em vez de dar dinheiro aos traficantes, deveria haver legalização, pois o dinheiro dos impostos serviriam à campanhas de conscientização." Clap, clap, clap, me assopra o m2.
Vamos por partes. A música deles diz "fume maconha" ou "maconha é bom". Prá piazada de 15, 16 anos que ouve, soa como "fumo maconha, se não me deixar abobalhado, ao menos vai servir de desculpa para que eu faça todo tipo de estultice que comumente não faria". Aí vem o (ui!) governo e libera tudo (jura). A Phillip Morris vai iniciar o plantio massivo da cannabis na região de Santa Cruz - RS, gerando empregos com o novo negócio e mais dinheiro na sociedade (campanhas na mídia, consumo dos becks já selados e encaixotados em versão Marlboro Cabeção sem filtro). Aí o Estado, diligentemente, recolhe os impostos (cof, cof) e os aplica em propaganda que exija a conscientização do uso. Ah tá, só pode fumar lendo Proust ou Sartre. Fumo consciente. Mas não vortemo.
Aí o índio que lê esse tipo de coisa, se pergunta: "prá que legalizar e vender se o propósito da propaganda é não fumar?". Sei lá. Sei que maconha vende maconha e vende disco também. Uma bomba, duas bomba, não pega nada.