Sou ecumênico, respeito todas as crenças na medida em que todas dizem as verdades que emanam de uma só; pois não é que o alto tem diversas letras? Quem diria que o nome de quem nos colocou aqui vem a ser único? Nem tanto ao mar, nem tanto à Terra. Eu respeito toda manifestação da Verdade, que é uma só. Qual seja, o verdadeiro caminho. Já parei para pensar justamente noutro dia, em que olhava para as estrelas e sabia: Elas estão, quase todas, moribundas. Que tipo de força fez a Terra girar em torno de um sol amarelo na beira de uma galáxia entre tantas e pôs em movimento as cadeias da vida no Universo? Eu penso e vivencio, agora, quantos olhos há no vasto multiverso, a olhar para cá, em extremidades de luz e fímbrias de massa cósmica, entre buracos negros e supercordas a girar em infinito movimento, submersos no mar de poeira luminosa, pensando exatamente como eu, neste momento, a raciocinar sobre si próprio. Que seremos nós e aonde parará esta corrida?
Não vejo com maus olhos a vida como ela é; o que me inebria de felicidade é o que faz vicejar a luz que ilumina a folha, gotejada de orvalho de manhã, depois de uma noite inteira de sonhos povoados de algas fosforescentes. No sentido da vida, há um sentido maior. Há que se prezar isso. No entanto, pode haver o encanto necessário mas prudente, de forma que se não se acha a resposta, que se a burile com os sentidos e o raciocínio franco e aberto. Que a Realidade não se apague em adoração da aridez mas se consolide numa aproximada sublimação.
Também não adianta ver as estrelas moribundas e virar as costas, desligando a luz e abrindo os bicos de gás. Há um Eixo, que se o deve achar, há uma Substância que se a deve procurar, mas ela é fluida e etérea; é impermanente e evolutiva. Conjurar forças que não entendemos, entrando em espirais infindas de pensamentos estéreis não conduz a nada, nem mesmo ao pessimismo.
Deus estará morto? Não, se é a verdade que procuramos. O meu Deus é melhor que o teu? Não, já o disse; formas diferentes de uma mesma e última Realidade. O que importa, enfim, é manter os olhos da mente aberta, porque lá, do outro lado, posso eu mesmo estar atento ao que vejo entre bilhões de sóis, pensando em mim mesmo, imerso na música que enleva o Cosmos.
Definitivamente, nunca estaremos sós.
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