O pé de Ipê Amarelo
Delasnieve Daspet
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A natureza nos ensina todos os dias.
Plantamos, eu, Nelson e Marcel, em frente de casa, três pés de Ipês, nas cores amarela, branca e rosa.
Um morreu e dois seguiram em frente. Um já é uma árvorezinha majestosa e penso que ano que vem verei o chão florido... só não sei de que cor.
A muda que ficou em frente do meu portão, acredito que seja o amarelo, não ia para frente.
De repente a pequenina árvore secou. Ficou tisnada. Sem vida. Sem viço.
Fiquei triste. Peguei a tesoura e fui dar uma olhada no esqueleto que estava em meu portão. Ia cortar e plantar outro. Nunca desisto.
Quero um pé de Ipê amarelo bem defronte à minha casa!
Cortei um pedaço do galho seco e me surpreendi, por dentro, a seiva escorria, havia vida.
Afofei a terra. Conversei com o galho esturricado e voltei para dentro de casa.
Todos os dias ia lá e pedia que tivesse força e que ressurgisse.
Eu não entendi que o pequenino pé de Ipê estava adormecido, aguardando o momento certo para brotar e quem sabe florir, pois no inverno, todas as suas folhas caem, ficando apenas o esqueleto exposto ao tempo, sem nenhuma folha.
E, foi assim... Dai uns dias vi que brotava do galho seco minusculas folhas... continuei acompanhando.
Quando chegou a primavera o meu Ipê estava coberto de folhas, pois as folhas renascem na primavera e cobrem toda a árvore. Quanto mais forte e seco for o inverno mas intenso serão as suas novas folhas e flores. As folhas, no começo de uma cor avermelhada, foram ficando verdes, um verde forte e seco.
O Ipêzinho, agora, esta lindo, balançado ao vento.
Entendi, finalmente, que o Ipê estava descansando. Hibernando. Estava em compasso de espera, com uma inércia passageira, esperando um período passar. Ele estava se preparando para a próxima etapa de sua vida.
Comparei a nossa vida a do Ipê. Temos semelhanças. Também somos assim.
Em alguns momentos parece que tudo é findo. Sem solução. Que não conseguiremos vencer as dificuldades.
E nos fechamos no silêncio.
O silêncio é salutar e nos faz refletir.
As árvores ficam caladas. Inertes. Secas. Os galhos nem balançam pois estão sem folhas.
Elas se entregam a si próprias para retornarem revigoradas.
É o que temos de fazer. Nos olhar e ver o nosso reflexo.
Observar a nossa nudez. Ouvir a nossa mudez.
Entender as nossas limitações. Conhecer o nosso potencial.
E, ao retornarmos, como os Ipês amarelos, cheios de luz e de brotos de esperanças, seguirmos um caminho de paz.
Delasnieve Daspet* - 16 de outubro de 2013
Delasnieve Daspet* - Embaixadora Unibversal da Paz - Presidente do Conselho Estadual de Cultura/MS e da Associação Internacional Poetas del Mundo
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