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 | cronicas-->A carne é forte -- 07/11/2013 - 13:35 (Brazílio) |  |  |  |  |  |
 | Comprar carne naqueles açougues antigos, nada amigos, não era nada agradável. 
 Você nunca saía ganhando, mesmo obedecendo cegamente o comando: " Traz
 
 uma carne boa" - e aí é que a gente voava e zoava, como até hoje se zoa:
 
 como identificar a tal carne boa? E isso aí ainda não era nada, pois convencer o
 
 açougueiro na hora do talho é que era uma parada.
 
 Ao fim e ao cabo, dava-se satisfeito por não haver levado um rabo. Mas era carne
 
 com pelancas, com sebo e mais impurezas até que nem concebo. E não tinha jeito,
 
 senão levar aquela carne feia para casa - e encontrar ainda uma cara mais feia
 
 a recebê-lo reclamando da sua ignorància, da falta de tutano pra enfrentar esses
 
 magano, de exigir uma coisa melhor pela qual se pagava - e não se fiava.
 
 Isso sem contar as asperezas do habitat onde as carnes eram expostas, em meio
 
 àquele cheiro nauseabundo, cães à porta para reforçar o adágio de quanto cão é
 
 o mundo, a mosquitama que não dava tréguas, vindo de longe, de léguas, só pra
 
 depositar as suas varejeiras entre eiras e beiras.
 
 Mas pior ainda era comprar mocotó. Que coisa mais feia, desgostante do que um
 
 pé-de-boi, que abatido foi. E levar aquilo pra casa, sem embrulhar, a não ser o
 
 estómago e o povo vendo aquilo tudo, comprado por uma tutaméia que, ainda
 
 bem, se redimia, ao terceiro dia, na geléia.
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