Muitas coisas se dizem entre lábios moucos. Nos silêncios, mudam-se mundos, frases que se inventam a si próprias se diluem no ar, como balões de uma conversa sem rumo e solta ou um pássaro que volta e meia retorna à s suas origens, perdido na vastidão do verão que se espera.
Eu esperei um tempo mas ele já não me basta. Já não preciso de sussurros para ouvir o que grita em mim, todo o tempo, toda hora. O tempo se contrai em segundos planos e outras intenções. Os minutos se tornam preciosos e, convém dizer, já não me importo com o que dizem os outros de mim, já que escuto pouco.
Longe de mim ser surdo, o que acontece é que o mundo amortecido já passa pelo tecido de minha experiência e me dei de presente saber o que filtro e o que espero que eu saiba de mim, mais que os outros imaginam que seja. Ou seja, eu sei de mim e me basta.
O tempo se acelera, queridos. Como uma jamanta em descida da Serra ou um trem transcontinental sem freio. E eu, absolutamente, não quero servir de escada a ninguém. Nem em sonho!
Quero dizer que da vida eu tirei o sumo, eu tirei a essência, eu superei a ausência que transpassa o coração; eu tenho a consciência perfeita de quão pouco vivi e quanto ainda tenho à frente.
Passou um ano? Somou-se ao tanto que me falta. Mais um que foi? Mais um que traz muitos.