Lá na rua chove inunda remenda o cano tremendo engano troveja Jove e meu cão se assusta: Barulho, fiodaputa. Claro está que não é o que ele diz, insano. Só a imagem, breve e solerte, no clarão e na retina. Treme o vidro, os cristais retinem no vizinho, mais um desses e eu piro, pensa o cão assoberbado de medo. E eu me aconchego no grito das nuvens, eco de outros gritos que ressumam no mundo. Vejo o Nigredo que se faz presente, sobre as árvores que perdem galhos. Os rumores trazem à tona outros tremores, jatos, bombas, sobressaltos e berros de socorro. Nada de nuvens nem de cristais, cidades inteiras como na noite fatídica. Vejo a pomba sem asas, o medonho zumbido, a fornalha. Será um sonho?