Ontem,10 de março, fui a uma conhecida loja de informática procurar um "scanner" para "slides". O funcionário me apresentou um "scanner" de documento em folha A4. Eu insisti, que era para slide. Ele titubeou. Perguntei se ele sabia o que era um "slide". Respondeu-me que não. Tive que explicar que, quando ele não era nascido, nós, os mais velhos, usávamos càmeras fotográficas com filmes de 35 mm. Perguntei se ele conhecia os filmes de 35 mm. Respondeu-me que já ouvira falar.
Tive que explicar que havia dois tipos de filme de 35 mm. Um que, após revelado, ficava negativo e permitia a impressão de fotos em papel (pelo menos esse tipo de foto ele conhecia); o outro, já saía positivo, as fotos eram colocadas em pequenas molduras e viravam pequenas fotos. Nós então as colocávamos em projetores de "slides" e elas eram projetadas na parede como se fosse o "Power Point" da época.
Ele fez uma cara de surpresa.
Continuei explicando que, como tinha usado muito filmes para "slides", eu tinha algumas caixas em casa e queria digitalizá-los da mesma forma como se faz com o documento em papel A4, só que não queria comprar um trambolho e, sim, um aparelho pequeno como o que eu tinha visto na internet em uma loja que eu não conhecia. Daí, eu estar procurando a loja mais conhecida de Brasília.
Nesse momento, ele entendeu e me disse que a loja não trabalhava com esse tipo de equipamento.
Sinceramente, vi que envelhecer não é tão "treva" assim. Temos muito a ensinar para quem está disposto a aprender.
Acho ótimo ter acompanhado a corrida espacial, a descida do homem na Lua, a guerra do Vietnã, a guerra fria, ter brincado de mocinho e bandido e com réplicas de armas com espoleta, sem me preocupar se tais brinquedos iriam me deixar traumatizado na idade adulta; ter assistido à s matinês do Cine Avenida, do Cine Capitólio, do Mini-Cine Difusora, do Cine Gloria, do Cine Sete, em Bagé, RS.
Não perco meu tempo com funk, rap, pagode e sertanejo universitário. Aprendi a gostar de ler, assistir filmes clássicos (das décadas de 1920, 1940, 1950, 1960), onde não havia efeitos especiais.
Meu "tablet" era uma máquina de escrever Remington, de segunda mão, que pesava uns 6 kg;depois trocada por uma Olivetti portátil; mais tarde por uma Remington portátil, onde eu datilografava as minhas mensagens em papel sulfite e papel carbono e usava uma borracha corretiva no lugar do "back space" ou do "delete".
Todos esses pensamentos afloraram em minha mente, depois de uma descompromissada pesquisa de preços.
Diante de uma total falta de informação do atendente, saí da loja me sentindo um "poço de sabedoria". Mas aposto que ele sabe dançar e cantar o Lepo-Lepo, o "Beijinho no Ombro" e sabe muita coisa sobre o BBB-14, que eu não faço a menor ideia.