...É que ninguém diz, fica à boca pequena. Vem a ideia mas não a coragem. É que ninguém se desvela; caem os raios e o som vem depois. Bastaria um dizer, uma palavra: Não. Vem o silêncio todo, esse que pesa feito uma tonelada de breu cinzento. Vem esse amuar-se. Eterno esconderijo, a nítida voz do surdo. A voz do oprimido, calado à socapa. Vem o medo! O pânico redondo, feito alma penada, em ondas de suor noturno.
Oh amada. Seguem minhas últimas letras. Serão sinceras, serão ofensas. Tape os ouvidos. Não ensurdeça, entretanto!
Nessa carta, vão-me, sem rédea, meus últimos gritos.
Eles são seus, qual ramalhete de flores de absinto.
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