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cronicas-->Diálogo Inútil -- 22/09/2014 - 08:41 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

"Nós só temos um jeito de descobrir sobre nossa própria finalidade; a fatalidade de nosso destino assim nos traz à tona e pouco temos a fazer senão assumir nossos pequenos passos de formiga sobre um mundo minúsculo num braço espiralado de bilhões de formigas brilhantes. Eu creio que isso nos traz nossa própria dimensão grandiosa, milagres minúsculos num Vazio Imenso. Tampouco nos dizem da vida e das surpresas que ela carrega: parece que se sopesou a importância de ser e estar aqui. Todos só querem permanecer, continuar, deixar calcada na superfície do mármore as frases em evidência, os subtextos metafóricos do que nunca houve e as reticências gongóricas do não-haver. Então é quando eu vejo as belezas da maternidade, aquela ânfora sagrada que dentro de si traz a água da vida e a profundidade dos mistérios de Elêusis; daí é que eu vejo o velho acenando ao moço, num olá e adeus perpétuos.

 

 

O novo suprime o velho, o antigo ensurdece para que o renovado se faça ciente de todo o mundo que se lhe abre os horizontes. É aí que descubro as sutilezas das vozes que sussurram num riacho, num compasso lento de algas e águas cristalinas com seus peixes carregados de significados inefáveis. Somos assim? Não, porque usamos a palavra e sufocamos a inquietação do Nada absoluto com nossa berrante civilização.

E daí? Palavras não querem dizer absolutamente nada, absolutamente nada. Só aquelas que são ditas entre amantes (porque o desvelo do cicio diz mais que muitos ditadores ocultos) e os primeiros gemidos do bebê que olha com luminosos faróis a mãe que lhe faz carinhos ao rosto. A palavra é distorcida e deturpada e seu fluxo passa por diversas Babéis, no ritmo de um desespero assustador. Nós descobrimos a lavra do mundo perfeito, as cicatrizes no rosto das terras vermelhas de sangue e amor.

Livremos nossas almas de tudo o que for pouco, livremos nossa alma de tudo o que oprime. Livremos nossa vida de sonhos imperfeitos; conquistemos a liberdade das perfeitas vogais do Cosmos. Só então descobriremos nosso legado ao Tudo."

--O que foi que você disse?
--Nada, absolutamente nada.
--O que você quer dizer? Que eu não presto atenção? É isso?
--Não.
--Quer dizer então que, mesmo que você diga tanta coisa, eu, em minha profunda ignorância, mal consigo captar o que você diz?
--Assim o dizes.
--Como assim? Deu para falar em aramaico?
--Esquece.

O cigarro, aspirado com força, crepita na escuridão e ela, de raiva, bafeja sobre ele suas últimas cinzas. Quanto progresso, uma Evolução inteira para um Marlboro qualquer terminar com um réquiem na Primavera.

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