MEUS PAIS
TORNEI-ME UM SENHOR... TORNEI-ME UMA SENHORA.
Uma afirmação com poucas palavras, aparentemente simples.
Quantas reflexões acompanham esta constatação!
Algumas viagens interiores de imagens bonitas, outras não tão bonitas assim.
Quantos sonhos desejamos e vivemos até nos tornarmos Senhor ou Senhora?
O que realmente representa na vida de alguém esta denominação?
Envelhecemos, amadurecemos, perdemos a jovialidade, não dá mais para brincarmos?
Respeito, melhor qualidade de vida, preconceito ou um “procure o seu lugar, a sua turma”?
Ah, mas tem outras vantagens, diriam alguns!
Experiência, sabedoria, socialmente mais engajados, família já estruturada... Será mesmo?! Para quais pessoas, em uma ampla observação?
A sociedade com pequenas doses balanceadas de hipocrisia, dominação e sadismo insiste em qualificar, tipificar pessoas dentro da margem de um comportamento que ela supõe seja correto pra cada fase da vida.
O que parece uma deferência é, na verdade, uma das formas de cortes e podas que nem sempre beneficiam.
-Tornamo-nos adolescentes...
- Formamo-nos profissionalmente...
- Casamo-nos...
- Tivemos filhos, depois vieram os netos...
Os nossos cabelos brancos surgem cada vez mais...
A idade só aumenta porque estamos vivos..
Quanto somos questionados desde os gestuais, às roupas, à linguagem, aos títulos! Quantos olhares acusadores sobre nós quando discordamos e fugimos desse padrões!
Senhor, Senhora...
Nunca deixaremos de ser as mesmas crianças, travessas ou não, que querem ser olhadas com carinho, serem amadas, desejam realizar todos os sonhos possíveis, viver bem, sorrir muito, abraçar bastante e serem felizes.
Isto só nos é permitido se não consentirmos a escravização em moldes pré-estabelecidos, só porque alguém fez assim pela primeira vez.
Senhor, Senhora...
Só nos traz prazer este tratamento quando podemos nos assemelhar à hombridade dos nossos pais e à de algumas pessoas que foram e são exemplos de bom caráter em nossas vidas.
Dalva da Trindade S. Oliveira
(Dalva Trindade)
09 de novembro de 2014
(Inspirada na afirmação “Tornei-me um Senhor.”, do amigo José Lima de Menezes.) | 
