Chuva de esferas; arabescos na escrita de um ser mais velho que o Tempo e que conhece cada sina, (cada falso, cada botina).
Gotas de luz almiscarada, paisagens de seda, de flor de cerejeira, galhos retintos de pássaros e cantos polifónicos
Há dores e elas se espalham como ondas num ar pesado de lamento de sinos das igrejas caídas: pobres padres pendurados em cordames e velas de barcos escuros, andarilhos e passadiços.
Chuva de feras, irritadiças, malditas, feras de olhos lacustres, congelados nas tardes malsãs de pàntanos plenos de folhas podres.
Eu espero que as lavras mineiras de tantas cores terrestres não pare, essas minas de flores que saem assim do nada; minas terrestres que nunca se sabem, frangalhos de minhas pernas que partem cansadas, de sono, de arte, do raio que as farta.
Fico assistindo ao documentário fatigado, dengoso, em plena tarde abarrotada de horrores; longe de mim as palavras que concluem que de nada o mundo se enche( mil vezes o Vazio das Coisas) de nadas mais pobres de cobre e prata; làmpadas de filamentos amarelos, ouro-sobre-o-vítreo, circundadas de amores, de asas que se esbatem furiosamente nas janelas de hospícios, de minha mão no seu ventre, em pleno sonho de um mês inteiro.
Assim, findando o que se diz e se acha, minhas nuvens recobrem o mundo, porque de águas se faz a limpeza, após o fogo que arde e queima; e limpa tudo, da raiz ao precipício.
E os bosques se bastam de silêncios.
Gota espessa.
Malárias.
Larvas.
(Adormeço)