--Pausa.
--Mas como assim, pausa???
--Pára tudo aí. Estou falando.
--Como assim? "Para tudo". Hoje é domingo, não é o dia em que a Terra parou!
--Por isto mesmo....
--...Caracas...
--Deixa ele falar.
--Fala! Desembucha logo!
--Eu falo. Tem de parar tudo, agora.
Faz-se silêncio. Todos olham a bizarra situação: Garçons, clientes, mulheres bonitas, fumantes, passantes, mariposas, besouros, moscas. Meninos que vendem sorvetes, moças atarefadas, senhores solitários, senhoras de sorriso maroto, malandros de fino trato, sovinas de toda espécie, garotas de lindos cabelos, passantes da ar distraído.
Todos param!
--Fala logo!
--Estão prestando atenção?
Até a mosca pegajosa , diante do silêncio global, estaciona na barra do vestido da menina comportadinha. Vira seus olhos facetados ao rapaz que faz tanto suspense que ninguém se aguenta. Talvez, a mosca pensa, talvez ele pense que é aquele ator que grita e todo o bar para olhar o que ele quer e vai fazer. A mosca só zumbe em busca de doces hábitos; o que desejará este ser estranho que faz tamanho alarde? Podia escolher outro dia.
--Todo mundo me escutando?
--TODO MUNDO TE ESCUTANDO.
--Então. Isso aqui é uma rede social. Se é uma rede social, todos se encontram aqui, de uma forma ou de outra, interligados, seja para o Bem, seja para o Mal. O Eco falou e falou pouco, agora morreu. Precisamos urgentemente desfazer o que ele mal entendeu, que isto aqui mais que uma rede social, é uma rede de intrigas vorazes e pífias maneiras. Querem saber? Ergo um brinde ao Social-Culturismo!!
--Social-Culturismo?
--Internéticos de todos os países, uni-vos!
A mosca, incrédula, pensa consigo mesma: "Eu não acredito; o camarada me tirou umas boquinhas para saudar o Social-Culturismo, seja lá o que for? Eu penso que ele pensa que seja um tal escritor, aquele que um dia, de manhã, acordou meio estranho, ou então, pensa que nós pensamos igual a ele. Que pense! Eu resisto..." E pôs-se a zumbir em busca de algo mais doce.