Amanhã eu acordarei vítima de minha própria coragem, abrirei todas as janelas da casa, respirarei o ar entrevado, colocarei o boné da última quimera do mundo e partirei rumo à estepe de todas as almas; amanhã eu lanço no poço das virtudes tudo de que me esqueci de trazer à tona e relembrarei das esquinas ventosas do que eu sei para os sóis amargos do que não sei ainda.
Amanhã, eu sabia, eu sei, eu nunca soube. Na verdade, de todas as inverdades do mundo, amanhã eu jamais saberia. Jamais. Apenas amanhã eu teria um deleite, talvez um sabor de um viver por um fio, não sei. Eu saberia. Porém, amanhã talvez seja o dia.
Quisera poder contar a vocês o que traria à luz do dia, se eu tivesse um acesso ao que terei, mas não, eu faria melhor: Acordaria.
Eu diria um tremendo sim, sob o risco de ser vaiado em plena luz do dia que nasceria torto, está bem, mas mais dia, menos dia, eu saberia.
Pois amanhã eu acordaria; seria um dia lindo, cheio de sol, acima e sob as estrelas do que eu ainda vivesse, tais as mensagens que se acenam, em plena visão do que eu sei, e seria queima de arquivo, uma miragem atroz, a voz do outro lado da linha, recordações rampeiras. Seria assim.
Então?
Até amanhã.