O DECLÍNIO DE ROMERO JUCÁ
A instabilidade vivida por nosso sistema político e os altos e baixos provocados pelo mau relacionamento entre os integrantes da nossa conturbada política partidária acabam de fazer mais uma “vítima”. Desta feita, ocorreu a queda do senador Romero Jucá, ministro do governo interino, motivado pelo vazamento de uma de suas conversas, armazenada num vídeo "grampeado", no mês de março próximo passado, pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado.
Como medida paliativa para amenizar a repercussão política deste fato, ele teve de ser afastado do seu ministério (o do Planejamento) e terá de se preparar para responder às acusações que estão lhe sendo imputadas.
O presidente interino Michel Temer agiu certo ao afastá-lo, pois, certamente, na atual conjuntura, não é de bom alvitre manter em seu quadro de governança presidencial, um colaborador seu, acusado de tentar conspirar contra o Ministério Público, no caso a Operação Lava Jato, entre outros fatos de “parceiros” e desafetos envolvidos, ali citados.
Particularmente falando, não me causou nenhum espanto o que li a respeito da sua fala gravada por meio desse grampo “particular” e posteriormente usado em depoimentos numa delação premiada.
Todos os políticos usam a seu favor, algum expediente denunciatório similar ao que foi usado contra Jucá, pelo seu delator, principalmente quando se sentem acuados, ou quando preveem que serão apanhados de alguma forma pela justiça, num futuro não muito distante.
Querendo ou não, somos levados a acreditar que nosso país está vivendo um momento político-partidário ímpar. Há ataques desferidos por todos os lados, sendo que nenhum membro da nossa turbulenta política partidária pode ser considerado um ser impoluto, pois todos carregam dentro de si as marcas da sujeira regimental arraigadas no bojo dela já há bastante tempo.
No mundo da nossa política partidária tem sido muito complicado seguir à risca, o preceito do bem servir ao seu companheiro, daquele que só quer ajudar sem receber nada em troca, haja vista o que tem ocorrido ao longo dos tempos, em razão dos acordos e conchavos que são feitos entre os pares que a compõem.
Por mais que eles tentem não atingir os integrantes do partido opositor, a sistemática do “toma-lá-dá-cá” existente entre os membros do partido que está no poder ou que tenciona ocupá-lo, não os deixam agir de forma diferente.
Recentemente, antes de o processo de impeachment da presidenta Dilma ter seu trâmite jurídico-político consumado, foi soberana a ação do líder peemedebista Jucá no sentido de convencer os integrantes dos partidos que apoiavam o governo a cair em debandada, culminando, assim, com o enfraquecimento do poder da presidenta em exercício, até aquele momento.
Em meio à turbulência vivida por Temer para levar a bom termo seu governo interino, não demorou muito tempo para chegar a vez dele ter de lidar com um problema “capcioso” de um dos seus pupilos.
Analisando toda essa celeuma, vivida entre os integrantes da nossa política, me veio à mente o que meu saudoso pai falava em situações de prejuízos e maldades que um ser humano poderia causar para com o outro e, de vez em quando, ele dizia:
- “Quem com ferro fere, com ferro será ferido”, que nada mais é que a confirmação de um ditado popular extraído da conversa que Jesus teve com Pedro, no momento em que ele usou da espada para ferir um soldado que estaria a conduzir Jesus para a prisão.
Segundo o que consta da Bíblia Sagrada, no Livro de Mateus, capítulo 25, versículo 52, Jesus teria dito a Pedro:
- “Mete no seu lugar a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada à espada morrerão”.
Com o passar dos tempos, essa passagem bíblica passou a ser usada para designar uma situação em que alguém quer se referir que as ações malévolas praticadas por determinada pessoa sempre voltarão para ela. É a chamada lei do retorno.
No meu modo simplificado de analisar as ações praticadas pelos homens, ninguém precisa, para vencer na vida material, ser desonesto, trapaceiro, espertalhão. Afinal, os que melhor vencem na vida são aqueles que têm presente e passado limpos, que são acreditados, que desfrutam de ótima reputação e não têm porque temer os riscos da lei do retorno.
No mundo da política partidária se preocupar com a manutenção de um comportamento probo no dia a dia de cada um dos seus integrantes, sem prejudicar alguém direta ou indiretamente, isso é quase inexistente.
Será que de agora em diante, com o Michel Temer conduzindo o destino da nossa nação, algo mudará para melhor, neste sentido?
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