--Queria confessar uma coisa.
--Fala, Carlos Alberto.
--Você jura que guarda segredo?
--Minha boca é um túmbalo.
--Seria um túmulo?
--Isso aí. Desembucha que a coxinha vai bem, obrigado.
--Pois é. Não sei se é compatível com a coxinha.
--Como assim?
O outro, preocupado com a argamassa que consome em meio a gorduras, ossos quebradiços e cerveja, na verdade tem apenas um terço de sua atenção no assunto que o outro pretende iluminar. Seu estómago o comanda e seu intestino, ora veja, é seu verdadeiro cérebro, segundo a ciência descobriu recentemente...
--Hehehehehehehe.
--Que foi?
--Veio um pensamento à minha cabeça...Passou!
--Então...
Olha para um lado, vislumbra o outro, abaixa o tom de voz...
--Quando eu solto pum, cara, parece um jato de fogo!
O outro, atingido por um raio desses, larga a coxinha. Olha de olhos esbugalhados seu parça, num esgar que só pode prenunciar um osso talvez metido em lugar errado. Nada disso, porque as veias se avolumam no pescoço do comilão, as lágrimas caem dos olhos e ele estoura em sonora gargalhada...
--Ó quê!!!! Não acredito!!!
--Falei que era um assunto intrigante!
--Hahahahahahaah!!! O cara peida e depois acende o isqueiro: Dia desses explode o quarto , ó gajo!
--Psshhhht, fale baixo!
--Desculpe, quase morro de derrame cerebral. Não dá. Olha, toma que a coxinha é tua. Vou ali e já volto.
Sai rindo sem parar e o primeiro que vê, aponta para o boquirroto, ao que mais risadas surgem, e mais algumas se ouvem na esquina.
Vai dar no Jornal:
"Rabo quente explode pensão em Jaçanã".