Não lembro os bons momentos que naquele útero em que me senti mais seguro, foram os que determinaram a forma de me sentir diante da vida e dos homens. Apenas sentir que o tempo segue e me garante a alegria ou a tristeza prováveis, não por merecimento, mas porque vivo estou. Sentir que devo me submeter ao tempo sem duvidar, mas aceitar sem subserviência, fora daquele útero. Minha referência é ele naquela mãe nunca prometida, mas por mim adotada como gratidão ao dom da vida oferecida por cada mulher em seu cálice sagrado. Linda, deusa de todas as vidas, mãe das lavadeiras nas lavagens da alma dos filhos. Em cada uma, vivo a mulher e vejo minha inocente pequenez ante ao que sou exposto e encarregado de desenhar a minha trajetória. Não obstante, reluto pensar em caminhar adiante em busca da essência somente minha. Volto ao útero, e nele está a divindade que necessito sem abrir mão da essência que devo perseguir. Prossigo, e nele persisto inconsciente de minha condição ínfima que represento diante da linda mãe nas Lindu de cada mulher. Refaço todos os dias, novos caminhos lembrando-me sempre do agora que tenho a fazer, a viver. Minha referência é eterna, o tempo não desfez. Em cada lugar, situo-me graças à quele ambiente divino, na mãe Linda da Lindu de cada mulher.
Vou respirando a vida, e ela permitindo ser inalada até o instante em que ao útero mãe Terra, serei acolhido como recém-nascido a celebrar a continuidade da vida.