Usina de Letras
Usina de Letras
23 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 63134 )
Cartas ( 21348)
Contos (13299)
Cordel (10355)
Crônicas (22578)
Discursos (3248)
Ensaios - (10646)
Erótico (13588)
Frases (51608)
Humor (20167)
Infantil (5584)
Infanto Juvenil (4927)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1387)
Poesias (141260)
Redação (3357)
Roteiro de Filme ou Novela (1065)
Teses / Monologos (2442)
Textos Jurídicos (1966)
Textos Religiosos/Sermões (6344)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->Adeus, Pindorama -- 27/03/2018 - 10:21 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O povo desconfia que a Amazônia brasileira não é mais dos brasileiros. Ela está cheia de estrangeiros misturados com índio nativo. Explorar  mais o quê?  Já levaram o ouro, faz muito tempo... Também o pau brasil, e agora levam boa parte da  riqueza contida no eco sistema de Pindorama. Sai daqui para outros países uma variedade enorme de ervas. Depois  elas voltam  comprimidas, embaladas e vendidas  aos 'índios', pelo preço da hora da morte. " Não me fale em morte" Disse baixinho Apinajé que ouvira toda a conversa do doutor Guimarães com o padre Paraíso. Ela ouviu tudo e recriou a imagem dos contatos que sua tribo teve com homem branco. “Como meu povo foi enganado...” E Sentiu saudade de Bico do Papagaio, outrora, terra e domínio de seus ancestrais Maxacalis.

Apinajé nunca mais viu seu povo.
Ocupada, levantava no cantar do galo e dormia quando a galinha branca subia ao poleiro. Nos intervalos do almoço e do jantar, fazia bolo, pão caseiro, e torta para a Sinhá. Varria o terreiro da madrinha e molhava a horta do patrão. Por tudo isso, recebia em paga o bafo da terra e o de-comer. Além da serra, muito além do tucunzeiro, a índia fora acuada por cães perdigueiros, e apanhada pelo laço do vaqueiro Onofre do Borá.  Viveu no anonimato, ainda assim, deu nome ao marido Onofre de Apinajé, e em dores de parto deu-lhe também Chanana Tupixá, a última flor do laço conjugal.
Naquele mesmo ano, três caburés de cabelos grossos, corridos, escorreram na mata,  feito filhotes de perdiz. Guiados pelo mais velho, parecia que o índio tinha na cabeça o mapa geográfico da tribo Maxacali. Sem temor nem medo, os filhos da índia mergulharam na mata  e depois de muitas luas,  fizeram contato com seus ancestrais e lhes deram notícias da mãe. Contaram das festas de homem branco e das músicas que a Apinajé  tocava em honra a seus antepassados. Ela morreu de parto: Nasceu Chanana, morreu Apinajé. Pai Onofre ficou só. E Nhá Corina,  viúva do patrão, tomou conta da cria. Era vésperas de Natal do ano de mil e novecentos e setenta e tantos.
 
Adalberto Lima, trecho de "Estrada sem fim..."
Adalberto Lima
Enviado por Adalberto Lima em 27/03/2018
Adalberto Lima
Enviado por Adalberto Lima em 27/03/2018
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui