Abriu e não havia ninguém. Mas alguém a abriu, e recusou-se a sair. Lá continuava a porta entreaberta à espera daquilo que quisesse entrar, podia ser um pássaro ou talvez um cão, desde que adentrasse. O pássaro sobrevoando, ultrapassou a entrada e continuou a voar por entre os diversos ambientes vazios. Haviam cómodas e mobílias dos mais variados tipos de madeira, e por um breve momento, o pássaro pousou sobre um móvel. Com o movimentar da cabeça leve de consciência, ficou a movimentá-la em varias direções sem o julgamento da área. Sentiu que poderia ali haver um local onde pudesse seu ninho fazer, entretanto viu que um ser humano caminhou em direção à porta para fechá-la, o que provocou uma certa apreensão à pequena ave. Porta fechada, procurou alguma janela entreaberta que favorecesse sua passagem ao exterior para que pudesse coletar material necessário à construção de um ninho. Havia uma janela que estava parcialmente aberta, mas o suficiente para fazê-la alcançar o ambiente externo. Após ultrapassar a janela, deu de cara com um moinho de vento que a dez sucumbir e ao chão, ficou com as asas a bater. O homem que havia fechado a porta, aparecia novamente à frente da casa e avistou a pobre ave ao chão, desesperadamente lutando pela sobrevivência. Pegou-a em suas mãos e a levou para dentro. Cuidou com presteza e carinho, a asa danificado e forneceu-lhe água e alimento. Passado algum tempo, o pássaro recuperou os movimentos alados mas não sentiu vontade de retornar para fora, pois pela primeira vez em toda sua existência, vivenciou a generosidade humana.