Sabe-se lá o que me deu, resolvi pegar o passe especial de estudante de minha filha e passear de ónibus. Os seguintes eventos aconteceram, não necessariamente nesta ordem e são baseados em verdades inverossímeis ou em fatos humanos e demasiadamente estúpidos.
Entrei e já enfrentei Valeskas e Pablos em luta vã contra nádegas avantajadas. Consegui heroicamente passar entre glúteos e coxas, entre sacolas e telefones, entre chocolates e pés descalços.
Cheguei ao cobrador.
Passei o passe no sensor e deu um erro.
O cobrador, suarento e de cara de poucos amigos, deu a entender que aquele seria um dia longo.
--Seu nome é Tamila Garcez?
--Esse é meu nome de guerra! Chamo-me Jean Jacques Trousseau..
--Ué, não tem cara de francês.
--Não, meus avós eram holandeses e meus pais me trouxeram ainda pequenino de Marselha, onde se canta o marselhês.
--Mas e...
--Tamila? Só de noite.
--ó seu guarda!
--Que é?
--O Oceanógrafo aqui tem um nome de guerra.
--Hein?
--É Tamila de noite e de dia é Jacques.
--Ah!! E adoro queijo e vinho.
--Certo, ó do Oceano. Então tem nome de guerra?
--Pois é, tenho de ganhar a vida de um jeito. Mergulhar em Oceanos não dá grana, então...
--Então?...
--Então danço Pole-Dance.
--Com essa barba?
--Que tem a barba?
--Tá de brincadeira!
--Sério.
--Viu? eu disse que ele é abusado!
--O senhor está detido para averiguações!
--Ora ora, o pequeno poder sempre...
--...E se não fechar a matraca ainda vai responder por desarcato.
--...Desacato, cara.
Bom, estou numa cela especial devido à minha idade e, por ser baixinho, me colocaram numa cela para anão. Existe? O problema é que, quando levanto, bato a cabeça no gradeado e quando mijo, tenho de ajoelhar. Já dizia minha mãe, ajoelhou, tem de mijar.