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cronicas-->MIOOOLOOO!!! -- 22/03/2000 - 21:04 (André Duarte) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Às vezes é assim: os seres simplesmente morrem; simplesmente deixam de existir. Simples assim. Se é verdade que nada é eterno, então não existe mistério. Estamos mergulhados na temporalidade e, enquanto o tempo passa, corrompemo-nos até o limite máximo da não-existência. E isso é que é o difícil de se engolir; a menos que você seja um urubu, um abutre agourento, uma hiena risonha. Sim, nós, os homens, alimentamo-nos de cadáveres de seres vivos que, pelo simples fato de viverem, morrem e permanecem mortos. Mas geralmente acrescentamos à essa morte um saboroso tempero. A morte de tudo o que morre para servir de alimento é desprovida de qualquer sentido trágico. Talvez o sentido pretensamente absurdo que conferimos ao fim da nossa existência se deva ao fato de não voltarmos explicitamente ao ciclo da vida, à cadeia alimentar; de sermos depositados como restolhos inúteis no interior de uma cova solitária, localizada sete palmos abaixo da terra; de nosso desconhecimento propositadamente provocado do fato de que seremos inteiramente devorados e que, enfim, seremos talvez de alguma utilidade (isto é, se não servimos unicamente para causarmos dores de barriga). Fica difícil perceber o nosso papel após a passagem pelo abatedouro. Sabemos dos vermes, mas eles nos aparecem como um mito distante, como o Minotauro, o Bicho-Papão, o Céu e o Inferno, Deus e o Diabo. Não os imaginamos como inocentes criaturinhas na escala alimentar, gordos e satisfeitos após uma lauta refeição, alegres por sobreviverem e estarem capazes de perpetuar sua espécie. Eles nos aparecem como seres gosmentos e com a existência justificada pelo papel que desempenham ao desfigurar os mortos-vivos dos "trash-movies" para torná-los ainda mais assustadores e repulsivos; criaturas perversas que se alimentam dos restos do nosso próximo por pura e simples crueldade.

Os seres vivos -- como aprenedemos em biologia no colégio -- nascem, desenvolvem-se, reproduzem-se e morrem. Mas, talvez, falte para a nossa compreensão a explicitação de dois outros elementos que são concretos, apesar de não sabermos muito sobre o assunto: eles alimentam-se e servem de alimento. Nem os mais poderosos predadores existentes sobre a face da Terra estão em condições de escapar deste destino. E isso não deve ser encarado como algum tipo de maldição jogada sobre nós e que nos acompanha durante nossa rápida passagem sobre a Terra. É assim por que é (?).

Se há um sentido que possamos extrair de tudo isso, é simplesmente a máxima de que tudo o que vive serve de alimento. Simples assim: uma harmónica cadeia de suculentas guloseimas que se devoram mutuamente.
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