Depois daquela terrível sala de espera onde todo mundo finge que não tem problema algum (está somente a esperar por alguém), a secretária que também finge que eu sou completamente "normal" me chama para fazer a "ficha"... Nome, idade, peso, comida preferida, cor da calcinha... Tudo isso guardado a sete chaves e uma babaca senha no computador do consultório psiquiátrico.
Vejam: Até lá existe um! Um computador onde ficarão guardadas todas as pitangas que chorarei durante as horas mais caras da minha vida; R$ 100,00. Vou fazer medicina! De repente estou sentada no divã a reclamar que quase tenho um ataque de nervos, quando ao final de digitar um trabalho de umas quinze páginas acaba a energia elétrica e meu computador faz "piuf..." O médico, meu amigo acima de tudo, coça a cabeça e pensa: "Acho que eu também preciso de um psiquiatra!" Como lá é o melhor lugar para se pensar todas as coisas, comecei a refletir sobre a vida sem um computador para fazer "piuf". Os bancos, os hospitais, as empresas, a Bolsa de Valores! O que seria da Bolsa de Valores? O que seriam dos "hackes"? E, se um deles resolve invadir os arquivos deste belo consultório e acaba lendo minhas confissões? Um risco a se correr!
Estamos vivendo uma guerra pós-moderna, que só é assim chamada porque temos uma maneira "moderna" de entrarmos em contato com ela: a Internet. Pois, os soldados, as estratégias e os caminhões cheios de munição são os mesmos da 2ª Guerra Mundial. As carnificinas são as mesmas. O que mudou é a velocidade das informações, a maneira como temos vemos tudo isso. Essa coisa de louco de pagar uma fortuna para se discutir a vida com uma pessoa que ao menos um átomo do corpo é "consanguíneo" ao seu.
O que será mais louco então meu Deus! Eu ou esse mundo? Esse computador me olhando, o "bug" do milênio que não deu bug em ninguém, meu curso de Lotus 123?... Acabo pensando que daqui a pouco existirão terapias especializadas em disquetes, em vírus, em máquinas que nos tiram do sério, mas, nos vigiam e organizam a vida. Nos filmam no supermercado e garantem a segurança daquele ladrão que quer te cobrar R$ 1,50 a dúzia do ovo. E, então o que fazer com os que grampeiam telefones? Um problema sério! Mas, vejamos, quem cria os problemas somos nós e não os computadores inertes sem uma mãozinha para ligá-los.
Já deu minha hora. Vou embora mais confusa do que entrei. Digo "tchau" e o computador "Volte sempre".