No meu retorno ao interior, encontrei uma cidade massacrada pela seca. Homens e animais lutavam bravamente por um pouco de água barrenta da lagoa da pequena cidade, as crianças estavam desnutridas, e as mulheres já não tinham mais forças para produzir leite aos filhos mais novos.
Contudo, diante de tantas dificuldades, um homem não perdia a fé. Esse sertanejo representava uma gota de esperança num deserto de desespero: diante de tudo que se passava, seria fácil e até mais provável negar a existência de um ser supremo, mas não estava disposto a perder até mesmo sua religiosidade por causa das ingratas condições climáticas. Uma cruz sobre si e uma igreja em ruínas era tudo que restava à quele homem.
Calejado e amargurado pelo trabalho que não deu lucros, voltava suas esperanças ao divino ser que o havia abandonado, só sabendo trazer, com ingratidão, as maiores pragas ao sertanejo. Numa cidade de interior, sabe-se que o fim está próximo quando até o padre foge da seca, rumando para a capital. Era o caso daquela. O homem, porém, resistia bravamente à s adversidades e mantinha a força da fé.
De repente, começou a chover. Suas preces foram ouvidas. A alegria voltaria ao interior e iniciaria uma nova era de prosperidade, acabando com o grande problema da seca, tão frequente ao trabalhador rural. Em situações adversas, é comum aos homens dizer que Deus o abandonou. Na verdade, isso nunca ocorre. Esses momentos ocorrem porque é neles que Deus descobre o verdadeiro fiel.