Os bancos instituíram o sistema de fila única para melhor posicionar o público. De maneira que o cliente possa ser servido pelo caixa, sem o indesejável acompanhamento de olhares indiscretos, resultando numa mútua comodidade. Embora nos dias de maior movimento, as longas filas assustem em princípio, na verdade o cliente é atendido num tempo médio menor que o gasto no sistema anterior. Inegavelmente, ingressamos firme na era das filas para tudo e o jeito é ir se acostumando. Pois a julgar pelo que sucede nos bancos, elas tendem a aumentar cada vez mais. O Banespa, por exemplo, cujo prédio é bem amplo, apresenta agora filas ainda maiores. Até os terminais que fornecem extratos, destinados aos clientes que buscam somente tais informações, são cada vez mais requisitados. Em suma, costumeiramente o panorama na agência central mostra gente por todo lado.
Nas filas, comenta-se de tudo, fórmula popular de passar o tempo sem se exasperar, o que, convenhamos, acaba sendo até agradável.
Algumas pessoas falam alto, outras só escutam. Qualquer assunto serve para um diálogo sadio. Reencontram-se ali gratas amizades, atualizam-se fofocas, debate-se a carestia ou os planos governamentais, as greves, o futebol, a desordem mundial, a violência e assim por diante. Ouve-se cada uma nesse senadinho alinhado.
Numa fila do Banespa duas jovens, atrás de mim, conversavam baixinho, como que curtindo segredos próprios da flor da idade.
Uma dizia, admirada:- "Eu não acreditava. Mas quando vi o tamanho, acabei concordando". A colega indagou se ela havia contado para a mãe. A resposta, positiva, foi surpreendente:- "Contei, sim. Mamãe disse que era isso mesmo, que eu poderia conferir sem susto. Foi exatamente o que eu fiz. Fui medir o tamanho da coisa. Porque eu ainda não conseguia crer naquilo. Menina, que impressionante...!"
A essa altura estava chegando a minha vez de ser atendido e eu até preferia que o caixa demorasse um pouco mais para me chamar. Tão intrigado estava com a estranha conversa. Principalmente quando a jovem confidente retomou a narrativa:- "Quer ver? Vou lhe mostrar aqui mesmo..."
Não me contive e olhei para trás. No exato momento que ela explicava que o tamanho do pé de qualquer pessoa, corresponde ao comprimento do braço, na parte entre o ombro e o cotovelo.
Quem diria....