Tua juventude fundiu-se à minha ànsia, e nos abraçamos como se fora esse nosso último encontro...Tentei absorver teus pensamentos, e tentei reter os momentos dessa plácida comunhão...Ouvi teu coração bater descompassado, ouvi teus suspiros agoniados e tua gradativa perda de consciência...Estavas presente, mas já eras ausência...Apertei-te contra mim, em desespero, afastando uma sutil premonição. Beijei tuas mãos, teus ombros, teus cabelos, beijei teus seios, teu colo e teus pêlos, beijei teu torso, tuas coxas, teu recato...
E assim, fluíram em mim as torrentes do regato que a sensibilidade liberava de tua alma... E abateu-se sobre ti estranha calma, no abandono em que escolheste mergulhar...Teu corpo tenso relaxou aos meus abraços, e desmaiaste numa semi-inconsciência, pairando nos céus de minha paixão... Abraçaste-me totalmente em desespero...Braços e pernas envolveram-me em ardor, num amplexo nunca por mim imaginado...E fundimo-nos no tempo e no espaço, indiferentes ao desespero da partida. , Éramos agora uma só vida, pulsando no ritmo alucinado do amor... Pele na pele, teu suor no meu suor, num atrito ensandecido de loucuras, viajamos por universos de belezas. Oceanos e cascatas nos inundavam de luz... Pude sentir teu coração martelando em meu peito, onde pulsava nos teus ritmos o meu próprio coração...Então explodi liquefazendo-me, e enquanto me sugavas mais e mais, sinos de distantes catedrais ressoavam nos recónditos de nossas almas, coros de anjos, em sublimes madrigais, ergueram-nos na leveza de uma pluma, elevaram-nos sem peso nos espaços siderais...Exaurimo-nos nesse vórtice de energia, nessa sublime e indescritível alegria de termos sido um só, por um momento, numa louca eternidade, em que, suspenso, o Tempo estagnou. Foi assim que te amei, como ninguém jamais te amou...!
