Inverno. O vento está mais forte do que o resto do ano. As sombras maiores do que as nuvens. O tempo.
Aqui, eu, assustada tentando desvendar o passado. Nada mais. Uma estrada ao abismo do meu medo, uma árvore ao final dela. Raízes profundas que se derretem e esfarelam pedras, se partem e partem o chão. Um rio de silêncio deságua, arrastando as flores e frutos da árvore. Foi apenas um vendaval que passou.
Caí, caí sem dó num esquartejamento voraz das linhas do ego. Voei e me derreti aos ares de uma estrela. Ela não quis me acompanhar, estava longe e muito alta. Quisera da árvore uma lua cheia. Agora apresento lhes, seca e arrebentada. Aconteceu, já morri. Antes chovesse. Entretanto, nada é por acaso.
O meu cadáver espera o trem. A estação queima aos perfumes das flores do meu jazigo. Não existe mais nada. Só, o trem, sem destino