Não sei, mas presumo a minha loucura. Isolada , seguindo um rumo e se achando um nada, Eu deparo com a solidão. A falta de gente a redor, diferente, faz Eu encontrar uma só pessoa; Mim. E que nome? Mim!
E vou descobrindo essa Mim, seu rosto triste, suas manias desengonçadas, seus pensamentos grotescos e até falo para ouvir seu som fraco e fino. Quanto tempo Eu não via Mim! Tanto tempo que nos esquecemos de nos conhecer, de nos tronamos amigas! Uma grande amizade, Eu ser amiga de Mim, e ela de Eu. Mas, como é estranha... andamos de braços dados pelo corredor até a janela. Ela, não fala muita coisa, parece com medo de Eu, também repete os meus gestos. Ou será que são os dela? Imploro que fale, Eu quero alguém que converse, que responda as minhas duvidas. E Mim, quando abre a boca só faz perguntas! Até deixa irritada Eu. Mim chora se brigo com ela. Dou de brigar com Eu e Mim chora mais e mais. Então, silencio, trocamos afagos e carícias. Eu queria lhe beijar a testa, mas Mim recua. Súbito... somos interrompidas por um bando de passarinhos artistas de circo. E não montam um espetáculo bem à nossa frente? Lindo e lindo, batemos palmas e espantamos nossos ídolos. Eles fizeram acrobacias de arregalar os quatro olhos! De novo o externo a atrapalhar nosso conhecimento. Não há maior aventura do que Eu conhecer a Mim. Conte um pouco de sua infància, de sua adolescência. Nossa! Como são parecidas com as minhas! Contudo, há coisa que você está mentindo, não foram assim que aconteceram. Ou será que Eu minto? Será que Mim está com a verdade? Não, não pode Ter sido desse jeito. Mim não diz coisa com coisa e Eu não digo nada a com nada.
Eu martela Mim para falares que poderia ser dito. Mas nunca foram e nunca serão. A partir dali, Eu descobre como é vazio conversar com Mim. Tenho Medo. O medo impulsa Eu tirar sua roupa. Quem sabe desnudando a , descubro quem é Mim verdadeiramente. Seu corpo já crescido não mostra Mim quando criança e nem Mim quando idosa. Apenas diz que é preciso cuidar mais de Mim, curar-lhe as espinhas, as micoses, a anemia, o vazio e a loucura. Eu não consegue preencher Mim, não sou suficiente para atende-la. E nesse sentimento de inutilidade, Eu vejo Mim e Mim me vê. Não aguentamos de tanto pavor de nós mesmas e de vergonha de nossa nudez. Assim, fugimos uma da outra, indiferentemente por essas estradas do mundo. Talvez Mim passe pelo mesmo caminho que Eu. Talvez até a reencontre em algum lugar. Contudo, nunca saberemos quem é a outra realmente.