No meu quarto não há janelas, só um balancinho pequenino. Chamam meu quarto de caverna, posto que ele é muito escuro, úmido, um ambiente bolorento..., em suma, um condomínio luxuoso para algumas famílias de fungos. Entretanto, lá estou em paz, porque, independentemente, ele é o meu cantinho, e é aconchegante.
Não me sinto limitado ou triste por nele não haver janelas. Entendo que a melhor e mais bela janela que poderíamos ter já nos foi dada : nossa imaginação. Esta suprime quaisquer outras, pelo menos no meu caso.
A imaginação transborda os limites do plausível para poder nos transportar a um mundo paralelo, dinàmico e fantástico, no qual os acontecimentos mais absurdos podem perfeitamente existir.
Contra esta minha tese pesa o dizer (cuja procedência desconheço): "Os olhos são as janelas da alma", ao meu ver tendencioso e materialista - porque imaginemos quão paupérrima seria nossa alma se a mesma dependesse tanto de nossos olhos - e, da mesma forma, dois literatas convergem à mesma opinião (não que eu esteja me comparando a eles, de forma alguma!) Shakespeare : "Há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia" e Richard Bach, que conclama, em A História de Fernão Capelo Gaivota, o seguinte : "Não creia no que os seus olhos lhe dizem. Tudo que mostram é limitação"
Venha comigo, vamos escancarar nossas verdadeiras janelas, transcender:
"Estamos caminhando descalços num aprazível bosque de árvores frutíferas, que nos observam, inexoráveis, em sua sapiência de decênios. O fato de estarmos descalços, sentindo a terra - enquanto as sílfides, carinhosamente, brincam com nossos cabelos - transforma-nos em extensão deste lugar. Nós não estamos aqui, nós somos o aqui, junto com toda essa natureza maravilhosa e seus protetores, simpáticos gnomos e fadas angelicais, que estão felizes pela nossa visita.
De repente, olho para cima e vejo, vistosa e resplendorosa, a copa de uma grande árvore, muito bela, raios de luz sublimes acariciam-na.
Percebi que aquela árvore era muito mais do que aparentava à primeira vista. Ela era, na verdade, um parque de diversões para inúmeras espécies de belos pássaros, que lá brincavam. Eram infantes eufóricos e alegres com seus malabarismos estonteantes, sem se preocuparem com o tempo.
Eles estavam felizes com suas traquinagens e eu ,muito mais, por conseguir compreender como algo tão simples pode nos proporcionar tanta alegria. Neste instante, uma lágrima mesclada de emoção e satisfação rolou pelo meu rosto, eu estava ungido de felicidade por fazer parte deste mundo mágico"
[ N. do A.: Por favor, mandem-me elogios, escrachações ou quaisquer outros comentários. Façamos a Usina de Letras, com esse tipo de intercàmbio permanente, exteriorizar suas potencialidades. Engendrando cada vez mais tal dinamismo, todos só temos a ganhar. Essa é a minha profunda vontade, ajudem-me a realizá-la!!! Um grande abraço]