Amigos são chatos! Detesto tê-los! Mas à s vezes tenho que fazer uma média por estar sentindo solidão. Detesto esses sentimentozinhos. Estar vulnerável, precisar de alguém em algum momento. Tornar-me dependente, suscetível. Mendigar atenção, talvez carinho! Detesto sentir essas coisas. Abomino ligar para os amigos, ter que ouví-los porque no momento poderia enlouquecer de solidão. Queria mesmo ser de pedra. Não ter vida. Não sentir solidão. Ou frio. Ou fome. Nem amor, nem ódio. Nem felicidade, nem tristeza. Não precisar de nada. Não existir existindo. Tem coisa mais linda do que existir não existindo? Uma pedra, exatamente. Existir sem ser percebida, sem precisar de nada. Não me importar com o frio, com o calor, com a sujeira, com o peso ou com sua ausência. Não ter amigos e nem saber o que são. Não sentir. Não viver. Existir, somente. E existir somente porque não há não-existência. Um existir tranquilo, sem pendengas, sem rusgas ou dores. Pois são as dores mesmo as que mais me atingem. Dói ter amigos, precisar deles, mendigar-lhes atenção, compreensão e carinho. São insensíveis, as pessoas, e se acham no direito de falar de sentimentos, de pregar somente os bons. São mentirosas, porque na realidade ninguém sente apenas virtudes. Ser uma pedra, sim! Ser uma pedra é ser feliz. E não adianta perguntar pra quê a tranqulidade sem consciência. Pois não é exatamente nossa consciência que nos causa dor? É ela que nos faz precisar de pessoas, de amigos. Amigos! Odeio os amigos! Odeio-os como aos domingos, como à solidão que vara o tórax todas as noites, como à falta dele! Odeio mesmo, os amigos!!!