Fico como criança ao ler as cronicas de Miguel Falabella. Ando pelo corredor do trabalho esperando que cada pessoa possa ler as palavras do escritor. Não há nada mais legal na minha quinta-feira do que ler a vida daquele que admiro.
Muitos dizem que as palavras podem matar e com certeza, podem amar também. E assim são as letras, nomes, paisagens e contos de Falabella.
Estou procurando minha coleção de cronicas na estante de casa. Acho muitas, quase todas, mas falta uma em especial, em que Miguel conta sobre um telefonema para o amor perdido. Onde foi parar a tal crónica? Um amigo diz para eu tirar os arquivos na internet. Mas a complicação do O Globo me impede. Fico com a sensação de serviço inacabado, de responsabilidade não cumprida. Parece que estou sendo despejada do apartamento sem ter onde morar. Até que, revirando meus livros, encontro o tesouro perdido.
Talvez o costume faça com que nós tenhamos um sentido na vida. Ligar para casa para saber se a mãe ainda sente falta ou para o celular do pai e verificar a saúde dele. Ler no jornal que o filme que você quer ver está, finalmente, passando no cinema. Ou até esperar por toda semana as palavras vindas de algum desconhecido em forma de cronicas. Faço parte do grupo que ignora a mudança de algumas coisas. Que venha a guerra, que cesse a música, mas não deixo de ler Miguel Falabella.
Obviamente, daqui alguns tempo, Miguel não estará mais no O Globo. Ficará cansado de escrever. E na quinta-feira em que não possa haver um "coração urbano" no jornal, estarei em casa pensando no que fazer com o resto do meu dia.
Sim, eu sei. Não estou sozinha no mundo lendo cronicas pela manhã. Por isso, ou por tudo, agradeço sempre pelas pessoas que passam os olhos por onde escrevo.
Falabella. Ainda bem que você agradece sempre pelas pessoas que lêem suas cronicas. Pois elas, como eu, estão alimentando a esperança de que uma boa quinta-feira não acabe nunca.