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cronicas-->Procuro Patrocínio -- 09/02/2002 - 23:14 (Luís Augusto Marcelino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Há anos esperava por uma oportunidade dessas. O Usina, enfim, abriu-me as portas. Patrocínio era (ou é, pois não sei se ainda está vivo) um sujeito meio desmiolado. Pegava a garotada da Cruz das Almas - bairro onde cresci - e levava para o campinho chulé do BNH. Aqueles campinhos de terra, grama e pedregulhos todos misturados. Carregava consigo, nessas peladas, um apito vermelho estridente, uma bomba para encher a bola no caso de ela murchar e dois maços de cigarro vazios: um Hollywood - que representava o vermelho, e outro Camel - que fazia as vezes do amarelo. Era um técnico frustrado, o Patrocínio.

Bem que meu pai e os pais dos meus amigos desconfiavam da iniciativa benevolente do Patró, porque ninguém faz as coisas assim de graça. Mas, aos poucos, bem aos poucos, ele foi conquistando a confiança das famílias e obtendo delas o cartão verde. Um dia, acho que foi em 1979, ele reuniu a pivetada e deu a grande notícia: tinha comprado um jogo de camisas, calções e meiões para o timinho da Cruz das Almas.

- E qual vai ser o nome do time? - perguntei.

- Patrocínio Football Club! - ele respondeu.

Ele fez questão de enfatizar que era football club, assim mesmo, escrito em Inglês, que era para dar um ar de modernidade e de vanguarda ao recém-nascido time de futebol periférico. Quando cheguei em casa, alegre, satisfeito, honrado de pertencer ao escrete Patrociniano, fui correndo mostrar a camisa ao pai. O pobre quase chorou. Eu não tinha reparado, mas minha camisa era a 10. Como a de Pelé, como a de Maradona, como a de Zico. Camisa 10, por essa o pai não esperava! Soube que, na semana seguinte, o pai alardeou para o bairro que o futuro craque nascido de seus testículos era o destaque do PFC - nome como ficou conhecido o nosso time. Dali em diante o pai não perdeu sequer um dos meus jogos. Até deixou seu pequeno comércio de lado - coisa que não era muito comum para um português que não confiava um milímetro em seus balconistas.

Lembro até hoje do primeiro "contra" que disputamos contra a galera da rua de cima, no campinho do BNH. Seis a zero! Pra eles. Fiz um gol contra e perdi duas bolas que proporcionaram contra-ataques fatais dos adversários. As más línguas dizem que só não foi mais porque o ás deles se sentiu mal no decorrer da peleja. Parece que o Neguinho tinha saído de casa sem tomar café e não resistiu ao sol forte das dez horas e sucumbiu ao esforço físico e malabarístico daquele importante confronto.

Terminada a partida o pai foi tomar satisfação com o Patrocínio.

- Mas que merda de time é esse que montou, Patrocínio?

- Calma, seu José Maria! Os meninos estão progredindo...

O fato é que o pai e os outros incentivadores foram injetando dinheiro no PFC e o time não rendia. Patrocínio sumiu do mapa dois anos depois. Ninguém soube, ao certo, de seu paradeiro.

Queria encontrá-lo para ver se ele me dava uma mão no novo ofício, já que a carreira de jogador de futebol foi enterrada há vários anos. Alguém sabe onde está o Patrocínio?
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