Meu querido papel , tão amigo, tão fiel a mim. Me acolhe quando sorrio, quando lamento, quando reflito, ou choro, ou clamo. Em você posso depositar meus dizeres, meu falar ao mundo, se estou bem ou não. Em ti meu coração bate mais aberto. É mais sábio do que eu, pois escuta, respeita meus pensamentos e de quem se ater na tua lógica de existir. Não me questiona, não me julga, e se prontifica a ter minhas letras correndo nos seus caminhos.
Quantos papéis folheei, sorvi, absorvi. Origami, envelopes, crepon, celofane, seda, reciclado, canson, em colagens, pintados, escritos em rabiscos, amassados em arte, assinados, floridos ou em garatujas, .....desenhos sem nexo enquanto atendia os telefonemas ou falava sem parar, e minhas mãos aqui inquietas pedindo pra fazer te dizer algo......que não sei direito o que é, ao balançar as mãos, morder a caneta, um gesto , o semblante fixo no momento.
Canetas? Lápis? Quantos tipos eu comprei para te enfeitar.... Giz de cera cintilante, lápis de cor aquarelável, canetas douradas, perfumadas, grafites,e tantos outros apontadores, borrachas, etiquetas,...
Se vou a uma livraria e me deparo com algum tipo diferente fico lá, um brilho no olho, vejo texturas, penso o que posso trabalhar ou se posso guardar para um dia escrever como agora. Até marcas de batons deixei em ti nas minhas mensagens de amor, como se fosse meu namorado, enamorada nas nuances desses entremeios e desvaneios, absortos em mim, o querer de chegar no coração de um alguém que pegou um pedaço de papel, mesmo que virtual, para ler.
Imagino se estivesse ilhada, teria as areias, os troncos das árvores, arranjaria algum meio de escrever ou dizer que estive lá e aprenderia a ler o céu de noite e de dia, loucura.... Já estou ilhada num monte de papéis aqui dentro , não sei se entendes. Ou se compreendes.
Movimento, sentimento, vida , fato, ilusão, tudo aqui, plausível de discussão e reflexão.
Tudo em você, meu querido papel......
Yoshie
mar28th,2002
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