---- Misteriosamente coíncidente (não acredito em coíncidências e elas continuam a dar-se) tocaste num pormenor que passa muitas vezes por mim e eu não dava por ele: constatei que gosto de reler-me, tal e qual como qualquer de nós que se vê ao espelho para ver se está bem consigo, se está lindo ou, como eu, para sentir se está deveras a envelhecer...
---- Reler, reler-mo-nos, é uma forma de revermos uma foto do nosso passado. Só nós sabemos de facto o que está ali, quem está ali. Graças ao Teu Deus e ao meu, ambos temos, felizmente, muito que ver e rever e aqui, espantosamente, podemos deveras modificar tudo sem alterar nada.
---- Fui pois reler-me num texto, que fiz para Ti e ainda não tinhas lido. Sabes... Não altero nada.
----------- TEU AMIGO PARA SEMPRE
--------- CRÓNICA AO NOTÁRIO DO TEMPO ----------
--------- Tudo poderá mudar
--------- Até o ar
--------- E restarem-me apenas
--------- Instantes breves para respirar.
--------- Padeça
--------- A contenção do desejo
--------- Não estremeça nunca
--------- Num Teu beijo
--------- Meu corpo derive
--------- Sem sopro de amor
--------- Converta eu
--------- Prazer em dor
--------- Tudo
--------- Emudeça
--------- Ensurdeça
--------- Cegue
--------- Minhas pernas e braços se detenham
--------- E por fim o meu deus me renegue.
--------- Um só poro que sobre
--------- Em derradeiro exalo
--------- O meu lugar vazio
--------- A minha memória quente...
--------- Serei Teu Amigo para sempre!
PS ------ Andas a pór-me muitas vezes lágrimas
--------- nos olhos! Dói, mas é bom...
----------------- Torre da Guia ------------------
