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cronicas-->O MILAGRE DA RUA ADELINA PERLINGEIRO -- 06/04/2002 - 12:47 (Ingrid Valiengo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Todos os dias acordava cedo e pegava carona com tia Lena para o colégio. Eu, Beatriz (sua filha) e Lena íamos felizes enfrentar o dia. Em uma dessas vezes, deixei cair as respostas dos exercícios de português no carro dela. Os livros da minha época vinham com as respostas. Mesmo sem contar, tenho certeza que Lena jogou tudo fora. A resposta para minha intuição é uma só: ela sempre quis que eu aprendesse. Portanto não me deixaria "colar" os exercícios.
Assim é Lena Decnop. Desde cedo sei. Sempre preferi ouvir suas conversas de sábado à tarde do que sair com meus amigos. Não sei porque, mas preferia mesmo. Na casa onde morava, havia um escritório quase mágico. Em determinada hora ela pegava uma poesia ou algum artigo e pedia para que um dos filhos ou amigos presentes decifrasse a coisa lida. Eu adorava isso.

Chegou a hora de partir. Adeus casa da Beatriz aos sábados e adeus as histórias, muitas histórias. Quando vim morar no Rio de Janeiro, deixei para trás o costume dos sábados. Mas não há um só dia em que eu não relembre o que vivi naquela casa.
Recordo as canções do Bruno e Nando. A fazenda do tio Fernando. As risadas da Eny e os doces da tia Vània. A amizade da Beatriz, os latidos do cachorro. Lembro dos licores, depois do jantar, que eu e Beatriz achávamos o máximo beber. Dos filmes intermináveis. Da pipoca doce feita na cozinha da casa. Das saídas de carro para ver Pádua parada. O baú de Beatriz pintado pela mãe. E, principalmente, lembro que tia Lena nunca tinha tempo para arrumar seu escritório.
Hoje meus sábados são diferentes. Trabalho, estudo e uma nova vida vão se juntando nessa cidade desenfreada, enquanto a casa de Lena anda cheia. Filhos casados, um netinho. Mesmo assim, muitas vezes ligo para escutar alguma história. Porque sei que ninguém conta uma história como ela. Ninguém fala coisas tão cheias de verdade.

Hoje reviro minha estante e encontro vários "presentes" tirados do escritório de Tia Lena. Livros xerocados, bilhetes de incentivo. Inúmeras fotos, todas dedicadas. Acho até uma pastinha que ela fez para mim quando sai de Pádua. Nela, as palavras de força e explicações para quase tudo que poderia acontecer na minha vida, se misturam com figuras pintadas por ela. A lembrança da frase "quem ama pouco, perdoa-se pouco", está gravada na última página. Histórias da Igreja Católica. Como lembro de indagações que eu fazia para o inexplicável! Inúmeros papéis com respostas sobre Pecado e Perdão, Catequese sobre a Fé, Antes e depois da Vida. O texto mais interessante é chamado Meu Irmão Crê Diferente, do Padre Zezinho. Lendo-o agora, sei que ela respeitava e ainda respeita minha opinião sobre religião.

Tia Lena foi e continua sendo uma mensagem gratificante para meus dias. E o prazer que ela tem em ensinar, supera toda minha angústia em aprender. E hoje sei que ela pensa em mim. Não esquece daquela que sempre gostou de suas histórias.
Sinto falta daquela casa e muito mais das pessoas que passaram por lá. Fica a lembrança e o milagre. O grande milagre de Deus chamado Lena Bressan De Cnop.



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