Sabe o dia em que tudo dá certo? Por exemplo, uma segunda feira em que você acorda para trabalhar e quer, já de manhã, esquecer da vida. Então, ao chegar no trabalho, se depara com as melhores idéias deixadas para você. Exclusivamente, aquelas coisinhas interessantes estão a sua espera. Eu poderia escrever aqui que melhor seria chegar no trabalho e não ter nada para fazer, mas não gosto disso. Gosto de fazer o que quero.
Talvez o dia possa terminar com o e-mail no final da madrugada. Aquele em que você ficou esperando a noite inteira e não chegava nunca. Antes de dormir, resolve dar uma última passada na sua caixa. Depois de tanto averiguar, no meio de tantas notícias desinteressantes, lá está ele.
Poderia descrever a sensação de assistir ao filme preferido. Aquele em que você já leu o livro, o qual continha 1200 páginas. Quer ver o filme para transformar as imagens do livro em um conto real. Entra no cinema, ele está quase vazio, você pega o melhor lugar e assiste ao filme. Nem se lembra que o livro é melhor...
Receber o telefonema do pai, dizendo que a família vai bem, que o papagaio aprendeu mais uma palavra e que a mãe continua bonita. Imaginar estar com a família! Aquele almoço grande em que o avó prepara tudo com a antecedência da missão de domingo. Em que o tio resolve cantar e dançar até que toda a vergonha vá embora.
E os dias de chuva? Acordar tarde, sentir que não dá para sair, que a chuva e o frio andam atrapalhando os encontros. Mas tudo bem... Essa chuva veio junto do travesseiro, da coberta e da pipoca. Um filme de locadora é bem vindo, um cd novo também.
Estar perdida em um chat qualquer e receber a visita do amigo de longe que te descobre em meio as pessoas e conversas. A sensação de estar em um estranho lugar, mas com a pessoa que deseja.
Receber a visita inesperada do bebê novo,do afilhado querido que anda batendo em tudo quanto é lugar, por aprender a andar agora. Seria divertido sentir um pouquinho do gosto de ser mãe ou pai.
Faltam os dias de verão, onde você, na praia, se depara com aqueles corpos esculturais, onde, antes, só se via nas revistas. Ou até daquele velhinho que caminha devagar, mas seu ànimo ultrapassa a barreira dos anos.
Correr até o banco e verificar que sobrou dinheiro no fim do mês e que você pode comprar os cds preferidos sem nenhuma culpa. Ou reparar que a conta telefónica do mês veio com um valor um pouco mais baixo que o anterior (isso seria ótimo!).
Deitar no chão do quarto, depois de horas sentado no computador. O estudo acabou, agora você pode pensar em não pensar.
Atender a campainha e verificar que seu melhor amigo chegou sem avisar e trouxe uma coca-cola e um livro novo de poesia.
Tomar um banho demorado, onde a água quente cai nas costas como terapia chinesa. E você não está nem ai para a hora, só liga para a sensação de prazer e alívio.
Faltam muitos dias... todos eles com as pequenas alegrias. Aquelas que você esquece de prestar atenção, mas que fazem uma grande falta.