Fico olhando os programas de culinária na tv a cabo. Não dá certo isso. Minha paciência não aguentaria tanto. Mas, olhando fixamente para a receita japonesa sendo feita, lembro da casa dos meus avós Irene e Joaquim.
Na casa deles tem de tudo: flores, frutas, peixes, cachorro. O quintal é um verdadeiro parque de diversões e meu avó é o anfitrião genial. E a comida, só Jesus faz melhor! O almoço de domingo é sempre feriado para o estómago.
"Eu quero voltar para a cozinha. Mais do que isso: eu preciso voltar para as cozinhas da minha vida". Quem disse isso? E é verdade. Tenho que voltar a lambuzar minha mão na massa de pastel, nas brincadeiras na hora de fazer doce.
Mesmo agora, longe da família, as vozes do passado custam a me deixar em paz e quero outra vez sonhar com aquela festa de feriado, com os peixes assados no terraço de casa e com o cheiro de churrasco feito por meu tio Mauro.
Um exagero de comida. Sempre foi assim nas cozinhas da minha vida. Não há gastos menores, só os grandes. A grande fruteira, a enorme quantidade de doce da Tia Iolanda, onde, mesmo com a barriga cheia, levamos um pouco para casa, esperando o dia seguinte.
E, é claro, havia as frases de efeito. Quando sentávamos a mesa na casa dos meus avós, sempre haviam risadas, piadas e festa, muita festa. A mesa comprida, a troca de olhares, as brincadeiras com os novos namorados que apareciam pela primeira vez. Tudo isso fez com que, não só a comida, mas a convivência através dela, pudesse juntar a família inteira.
Não aconselho o almoço sozinho. Se não tiver com quem almoçar, faça um lanche perto da praia ou em um restaurante onde possa se distrair ao ver pessoas passando.
O mais importante de tudo é comer alimentos coloridos, provar sua vida de uma maneira deliciosa e festejar sempre a alegria de uma cozinha.
Comer é preciso, celebrar também!