----- Na agenda da minha memória, claro, quando em meu redor alguém alude à "Mãe", o meu pensamento perpassa pela figura materna que já não tenho e, por aprazível consolação, detem-se em Ti, sabendo, como sei, que toda Te desvelas e aplicas na bendita e mais magnífica função da vida.
----- O "Dia da Mãe" em Portugal coíncidiu com a abertura da "Queima das Fitas" no Porto, evento que reuniu milhares de estudantes em exuberante festa, o que ainda mais reforçou a relação que Te coloca ao sabor dos meus sentidos: tens um Filho a quem se depara a carreira universitária e, daí, o início da consumação de um dos Teus mais lídimos sonhos.
----- Às 00H01 de 5 de Maio, as guitarras portuguesas, em exímios trinados de inconfundível estilo coimbrão, deram curso à serenata estudantil defronte ao portal do empedrado edifício histórico (da época filipina) da Cordoaria, e eu estava entre as cerca de 100 mil pessoas que em esplendoroso silêncio ali acudiram de ouvido e sentimento atentos. Surgem então, embaladas na tenorina voz dum estudante, as palavras singelamente mágicas, vibrantes de emoção e plenas de poesia:
----------- Dizem que as mães querem mais
----------- Ao filho que mais mal faz;
----------- Por isso Te quero tanto
----------- E tantas mágoas me dás!
----- Duas lágrimas cheias desprenderam-se-me dos olhos e rolaram frescas pelo rosto: uma de inefável saudade por minha mãe; e outra, de inevitável e reconfortante esperança por Ti.
----------------- Torre da Guia ------------------