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cronicas-->Aposta Indecente -- 23/06/2002 - 23:38 (Aline Franco Cano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sábado, em pleno mês de dezembro, eu e minhas amigas, estávamos jogando cartas; quando de súbito uma delas se levantou e falou:
- Nessa rodada não iremos mais apostar dinheiro!
Mariana retrucou:
- Então o que faremos, Joana?
- Uhm! Deixa eu pensar...
Depois de alguns minutos ela falou:
- Já sei! Quem perder vai ter que fazer um strip-tease no centro da cidade
- Não, melhor, vai fazer um strip-tease dançando a música Conga da Gretchen no altar da catedral, na missa das 19:00 horas de hoje. Todas topam?
Todas concordamos, e iniciamos uma nova rodada. E eu sem temer a perda, pois jogava muito bem, e confiava no meu "taco", no fim da rodada, acabei perdendo.
- Eu! Ficar nua no altar?! Ah não! A polícia vai me pegar!
- Mas aposta é aposta, e você vai ter que cumprir!
Depois de muitas discussões, e desentendimentos, as meninas arrumaram um vestido de velcro, fácil de abrir, e eu ainda relutava.
- Mas isso é absurdo!
Eram 18:30, e eu tendo fracassado em todas minhas tentativas de desistirem de fazer aquilo, me entregaram o vestido, e sem nada por baixo deste me enfiaram no carro, e paramos em frente a praça da Bandeira, e fomos para a catedral.
Entramos na igreja, o padre começou a missa, e combinamos que iria começar a me despir na hora do sermão.
Depois de quase quarenta minutos o padre começou o sermão, falando que a TV mostra muito sexo, apelam com pessoas peladas e eu no canto pensando:
"Meu Deus, escutando isso, e eu ainda vou ter que tirar a roupa. E agora?"
De repente, Joana me cutucou e disse:
- É agora. Manda brasa Camila!
Levantei-me, estava muito nervosa, mas tentando mostrar uma calma que não existia, fui andando lentamente em direção ao altar; fiquei em pé ao lado do padre, enquanto as meninas colocavam a fita no gravador.
E a música começou a tocar, olhei para o padre, que sem entender nada parou de falar; e comecei a dançar.
Todas as pessoas presentes me olhavam e não entendiam nada. Até que de repente, tirei o vestido e estando completamente nua, e até empolgada, comecei a rebolar no altar, assim quebrando o silencio que se fazia até então. As crianças falavam:
- Olha lá pai, ela é um anjinho!
E o pai respondia:
- Não meu filho, ela é uma deusa.
- É! Deusa ... Acho que do amor.
E as adolescentes espantadas, reclamavam:
- Já que era para fazer isso, que fosse um homem pelo menos.
- Um homem lindo, forte, dançando "Conga" nu! Ai que emoção!
- Acho que eu ia desmaiar.
E os rapazes gritavam:
- Vá lá gostosa, rebola mais!
- Vem fazer isso na minha casa!
E quanto maior ficava o alvoroço, mais eu me empolgava. E quando dei por conta o padre estava passando mal, e eu dançando bem ao seu lado. Quanto mais eu rebolava, pior era a situação do padre que transpirava sem parar.
E as pessoas falavam sem parar:
- Vamos chamar a polícia!
- Ih! Olha lá o padre! Tá passando mal nada!
- E o que ele tem então? - retrucou uma senhora.
- O padre tá tendo é uma ereção, emoção demais pro coitado.
E o padre caiu sentado ao meu lado, então resolvi ajudá-lo, mas em vez de melhorar, ele piorava, e eu não entendia o "por quê".
Então as carolas começaram a me bater com seus guarda-chuvas, e gritavam:
- Saia já daqui! Sua prostituta.
Saí correndo rua afora da catedral, e uma multidão enorme atrás de mim. Não sabia o que fazer, e onde me esconder. Quando em um rápido momento vi Joana com o gravador e o vestido, então parei, e todos que estavam atrás de mim também pararam. Olhei para Joana e ela disse:
- Continua Camila, dança.
E embalada por um coro enorme que cantava:
- Conga, la conga. Conga, conga, conga.
Continuei a dançar até que a música parou, Mariana apareceu com o carro, e eu e Joana corremos até este, e assim que entramos no carro e fomos embora, a polícia chegou, mas já era tarde.
Joana, Mariana e eu, já vestida, fomos para casa e lembrando do que as pessoas diziam:
- Que horror!
- Pai, olha a Eva, mas cadê o Adão?
- Que coragem!
Muitos censuraram, e outros aprovaram, só sei que virei notícia, fui destaque de todos os jornais da cidade e região, mas como uma pessoa anónima.
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